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Contra mochilas pesadas, alunos exigem armários
Estudantes do colégio Santa Clara, em SP, já fizeram abaixo-assinado e cartas solicitando um local para deixar o material
Alguns alunos sofrem de problemas de coluna; médicos recomendam que o peso da mochila não supere 10% do peso corporal
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Livros, cadernos, roupa para
educação física, celular e carteira. Carolina de Felice, 16, tem
42,9 kg e precisa carregar cerca
de 6 kg na mochila para ir ao colégio -o correspondente a 14%
de seu peso corporal.
Ela e outros 160 alunos do
ensino médio do colégio Santa
Clara, na Vila Madalena (zona
oeste de SP), têm protestado
com abaixo-assinado e cartas,
inclusive de pais, para solicitar
a colocação de armários onde
possam deixar o material.
Se não levam um livro pesado, afirmam os alunos, ganham
pontos negativos. "Eu não consigo me organizar com fichário,
então há dias que eu levo seis
cadernos", afirma Carolina.
Lígia Frederico de Oliveira,
16, diz que a demanda é antiga,
mas até agora não foi atendida.
"Tenho uma irmã mais velha
que estudou no colégio há dez
anos e desde aquela época as
pessoas já pediam armários."
A escola tem cerca de 1.250
alunos e as mensalidades variam entre R$ 626 e R$ 993.
O excesso de peso na mochila
afeta principalmente a coluna
-pode piorar quadros de lordose ou cifose. Também pode
gerar dores articulares (como
no joelho), dores no ombro e no
músculo trapézio. A recomendação dos médicos é que a mochila não tenha mais de 10% do
peso corporal do estudante.
A aluna Ana Carolina Zambrini, 16, já sofre de lordose e
escoliose. "Abriram uma exceção para eu deixar os livros na
sala da coordenadora, durou
uma semana." Ela pegava dois
ônibus para ir à escola. "Era
muito difícil. Agora, para evitar
mais problemas, pego carona."
Na cidade, uma lei de 2002
trata da questão. Entretanto,
vale apenas para a rede municipal -estabelece que as escolas
"diligenciarão para que os alunos não transportem, em material escolar, carga superior a
10% do próprio peso".
Segundo o professor de ortopedia pediátrica da Unifesp
Henrique Sodré, é preciso haver uma conscientização dos
professores, pais e alunos. "É
inviável fiscalizar mochila por
mochila." Ele diz que, além do
peso, é preciso ter em conta
também o tempo em que o material é carregado.
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