ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano que vem, Norá Barcellos Leite, a Lalá, comemoraria seu 80º aniversário e já planejava ir pela nona vez à Disney. Ela amava a Disney.
Formada em dois cursos -educação física e direito-, em São Paulo, a gaúcha de Pelotas permaneceu solteira e não teve filhos. Sobre esse assunto, até brincava: "Para quem Deus não deu filhos, o diabo deu sobrinhos".
Nas viagens que fazia ao parque -conheceu até sua versão europeia, a EuroDisney- ia com amigas ou sozinha. E fazia a família também viajar para lá, pagando inclusive as passagens -já fez isso com as sobrinhas-netas.
Tinha a mania de voltar do exterior trazendo várias bugigangas tecnológicas ainda inéditas no Brasil, como pequenos televisores portáteis.
Em casa, costurava. E gostava ainda de miniaturas e de colecionar enfeites de Natal.
Professora da rede pública, Lalá chegou a integrar a delegação brasileira em diversos Jogos Olímpicos, como o de Munique, em 1972, como membro da comissão técnica.
Muito brincalhona, era dona de tiradas espertas. Dizia que o seu segredo para estar sempre de bem com a vida consistia em tolerância, paciência e alegria de viver.
Todos os carros que teve foram Fuscas. O último que adquiriu, e que ainda tinha, era um bege, de 25 anos. Assim, ficou sendo a Lalá do Fusca.
Morreu na quinta-feira, aos 79 anos, em decorrência de um câncer. A missa de sétimo dia será hoje, às 19h, na capela do colégio Nossa Senhora de Sion, em Higienópolis, SP.

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