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3ª IDADE
Responsáveis pelo Lar dos Velhinhos Izabel Moda, em São Paulo, teriam se apropriado de pelo menos R$ 661.434 da instituição
Diretoria é acusada de desviar verba de asilo
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado
de São Paulo acusa a diretoria de
uma entidade filantrópica que
atende idosas de desviar pelo menos R$ 661.434 da instituição.
Integrantes do Gaepi (Grupo de
Atuação Especial de Proteção ao
Idoso) e a polícia apreenderam
ontem documentos no centro
operacional da Sociedade Beneficente Lar dos Velhinhos Izabel
Moda, localizado no centro de
São Paulo. A entidade filantrópica
tem 40 anos de existência.
Policiais também buscaram
material no próprio asilo, que fica
no Tremembé, zona norte. A promotoria já havia obtido na Justiça
a quebra dos sigilos fiscal, bancário e cadastral de integrantes da
diretoria e parentes.
Segundo o promotor João Estevam da Silva, o presidente da entidade, Jean Grigorenciuc, construiu a sede em um terreno de
2.200 m2, de sua propriedade,
com dinheiro da entidade filantrópica. Ele colocou o imóvel em
seu nome e no da mulher, Dilza
Izabel Moreto Grigorenciuc.
A entidade é proprietária de um
terreno na zona leste da cidade.
"Mas a diretoria preferiu construir a sede no terreno do presidente", disse o promotor.
Ainda de acordo com informações da promotoria, Grigorenciuc
cobra aluguel de R$ 3.800 mensais
da sociedade beneficente.
Técnicos do CAEx (Centro de
Apoio Operacional à Execução do
Ministério Público) avaliaram as
construções do terreno em R$
661.434. Mas, segundo o promotor, o valor do imóvel no mercado
pode alcançar R$ 1 milhão.
De acordo com declarações de
funcionários ao Ministério Público, a entidade arrecada por mês
entre R$ 100 mil e 135 mil.
O presidente retiraria de R$
5.000 a R$ 10 mil em dinheiro por
semana para "outros pagamentos". A sociedade tem isenção de
impostos e taxas municipais, estaduais e federais.
Estevam afirma que a movimentação bancária do casal não
condiz com os seus rendimentos.
Dilza, que é dona-de-casa, já
manteve saldos de R$ 18 mil e R$
123 mil. O presidente declarou ter
renda de cerca de R$ 8.000, considerando os aluguéis que recebe e
os rendimentos de uma microempresa.
O Ministério Público irá denunciar o presidente, sua mulher e
outros membros da diretoria da
entidade por estelionato e formação de quadrilha. O promotor pedirá à Justiça a nomeação de um
interventor para a entidade.
Idosas abrigadas elogiaram o
asilo. "As refeições são de primeira", disse uma delas. Há 42 senhoras idosas no local. O imóvel é
amplo, tem uma decoração cuidada e até salão de beleza.
"O problema é que ele usou o
dinheiro da instituição e colocou
o imóvel em nome dele. No momento em que quiser, poderá colocar as idosas na rua e ficar com o
patrimônio", diz o promotor.
"Pergunte a ele se doaria o imóvel
à entidade. Os maiores lesados
são as pessoas que doaram."
O advogado dos acusados, Milton Saad, negou que existam irregularidades na entidade.
Silva afirma que parte das idosas deixa a aposentadoria com a
entidade em troca da permanência no asilo -um total de R$ 13
mil é pago por elas mensalmente.
A filantrópica também recebe
cestas básicas doadas.
As investigações sobre a entidade começaram no ano passado,
após uma vistoria no local. A promotoria verificou que a sociedade
mudara para um prédio com instalações discrepantes em relação
ao endereço anterior, uma pequena casa no Itaim Paulista (zona
leste), e resolveu investigar.
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