DA REPORTAGEM LOCAL

O que até agora acontecia somente na África começa a ocorrer entre os adolescentes brasileiros: o número de meninas com Aids ultrapassou o de meninos.
No grupo etário de 13 a 19 anos, essa mudança vem sendo observada desde 1999, quando foram registrados 222 casos entre garotas e 205 entre garotos. Em 2000, foram 231 meninas e 172 meninos infectados. O balanço dos últimos anos ainda é preliminar.
Na faixa etária entre 20 e 24 anos, o número de casos está praticamente empatado entre os sexos. Já no conjunto da população, continua prevalecendo a relação de dois homens infectados pelo HIV para cada mulher.
Em 2002, por exemplo, dados preliminares registram 6.031 homens e 3.464 mulheres com a doença. Os números foram divulgados ontem, em Brasília, pelo Programa Nacional de DST/Aids.
"As meninas se iniciam com rapazes mais velhos, e o uso do preservativo cai para 20% quando a relação se estabiliza, um ou dois meses depois", diz Denise Doneda, da área de prevenção do Programa Nacional de DST/Aids.
Entre as hipóteses dos técnicos para esse aumento entre as garotas está a dificuldade de "negociarem" o uso do preservativo com parceiros mais velhos e o início cada vez mais precoce das relações. No Brasil, os adolescentes se iniciam sexualmente com 15 anos, contra 16 no Canadá e nos EUA, e 17 anos na Espanha.
(AURELIANO BIANCARELLI)


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