São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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SAÚDE/PEDIATRIA

Sem espaço em casa e presa no "chiqueirinho", criança necessita de atividade física

Estimular bebês melhora o desenvolvimento motor

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A prática de exercícios para estimular as funções motoras e sensoriais dos bebês deixou de ser uma técnica usada apenas para aqueles que nascem prematuros e passou a ser aplicada na estimulação motora de todos os bebês.
O principal argumento usado pelos especialistas para submeter os pequenos à prática de atividades físicas é a falta de espaço em casa e a correria que os pais da criança enfrentam no dia-a-dia.
"As casas estão menores, os pais trabalham fora e a criança fica presa ao "chiqueirinho", ao berço ou ao carrinho. Isso a deixa completamente limitada", explica a pedagoga e psicóloga Maria Drumond Grupi, diretora da escola infantil Ponto Ômega, que tem berçário especializado.
É com o mesmo propósito que o psicomotricista Sérgio Nacarato atende semanalmente os bebês do berçário do colégio Magno. Segundo ele, as atividades têm o objetivo de possibilitar o desenvolvimento pleno da criança, estimulando o equilíbrio, a coordenação, a sensibilidade e o reflexo.
"São atividades prazerosas, sem esforço para o recém-nascido, respeitando o seu desenvolvimento natural. Não vamos fazer o bebê andar antes da hora, mas também não podemos deixá-lo limitado a um quadrado", disse.
A Escola Viva, por exemplo, adaptou uma área externa pensando nos desafios corporais da criança. O chão é irregular, com texturas diferentes -como terra, grama e areia-, e há obstáculos a serem superados. "No local tem um lago e uma pequena ponte. Eles têm de aprender a subir a escada da ponte, por exemplo", explicou a coordenadora pedagógica Ana Lúcia Figueira da Silva.
Para o pediatra Roberto Tozzi, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, todo o esforço dedicado ao desenvolvimento motor da criança é válido, desde que seja feito com técnica adequada. "Essas atividades sempre foram realizadas com sucesso para os bebês prematuros ou com algum tipo de deficiência. O trabalho foi adaptado para todos os bebês. Os resultados são bons."
Denise Trevisol, fisioterapeuta neonatal do Caism (Centro de Atendimento Integrado à Saúde da Mulher) da Unicamp, também é favorável aos exercícios, para que o bebê não fique restrito ao berço. "Se isso acontecer, qual é o estímulo que ele tem?"
Já a pediatra Laís Maria Santos Valadares e Valadares, presidente da Associação Mineira para o Estudo do Bebê, não concorda com a realização de atividades motoras para todas as crianças. "O bebê que não nasce com deficiência não precisa ser estimulado. O excesso de estímulo pode colocá-lo em uma situação de estresse."


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