São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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PLANTÃO MÉDICO

Síncope traz risco para motorista

JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

O passageiro ao lado do motorista fecha os olhos e dá a impressão de estar dormindo, em plena luz do dia. Abre os olhos minutos depois e acha que tirou uma rápida soneca. Um motorista lúcido de repente perde o controle de seu carro e provoca um leve abalroamento no veículo a seu lado.
Nos dois casos, ambos tiveram uma síncope, a rápida perda de consciência seguida de recuperação espontânea, também conhecida pelo nome de desmaio. Enquanto para o passageiro não houve maiores conseqüências, ao motorista a situação poderia resultar em graves danos físicos.
Especialistas consideram que a causa mais freqüente da síncope seja de origem neurocardiogênica, relacionada ao reflexo vaso-vagal (o nervo vago, do sistema nervoso autônomo, inerva as fibras musculares cardíacas). Em seguida, relacionam as arritmias cardíacas e, em menor escala, várias outras causas.
Na reunião anual da Associação Americana de Cardiologia, os médicos Dan Sorajja e C. Richard Conti debateram a ocorrência da síncope em pessoas dirigindo automóveis. Sorajja estudou o prontuário de 3.878 pacientes atendidos na Clínica Mayo, em Rochester (EUA), com diagnóstico de síncope. Deste total, 382 (10%) estavam ao volante do carro quando ocorreu o desmaio. A causa mais freqüente foi a síncope vaso-vagal, confirmada pela história clínica do paciente e por teste especializado. Outras causas foram doenças cardíacas.
Sorajja acrescentou que a presença de pacientes com síncope na direção de automóveis é freqüente nos acidentes, mas surpreendentemente não necessitam de maiores cuidados médicos que outros portadores da afecção.
A explicação, para Conti, é que os portadores da síndrome perdem lentamente a consciência, dispondo de tempo suficiente para estacionar de forma segura.
No estudo, Sorajja observou: 1. a síncope não é causa incomum de perda de consciência de pessoas dirigindo um carro; 2. os portadores da síncope devem tomar cuidado com recorrências tardias; 3. não há aumento da mortalidade associada à síncope enquanto dirigindo um carro.
Neste último ponto, C. Richard Conti não concordou. Ele acredita haver aumento da mortalidade associada ao desmaio do motorista, já que quando este morre não há como saber se o acidente foi causado por síncope vaso-vagal.


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