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PLANTÃO MÉDICO
Síncope traz risco para motorista
JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA
O passageiro ao lado do motorista fecha os olhos e dá a impressão de estar dormindo, em plena
luz do dia. Abre os olhos minutos
depois e acha que tirou uma rápida soneca. Um motorista lúcido
de repente perde o controle de seu
carro e provoca um leve abalroamento no veículo a seu lado.
Nos dois casos, ambos tiveram
uma síncope, a rápida perda de
consciência seguida de recuperação espontânea, também conhecida pelo nome de desmaio. Enquanto para o passageiro não
houve maiores conseqüências, ao
motorista a situação poderia resultar em graves danos físicos.
Especialistas consideram que a
causa mais freqüente da síncope
seja de origem neurocardiogênica, relacionada ao reflexo vaso-vagal (o nervo vago, do sistema
nervoso autônomo, inerva as fibras musculares cardíacas). Em
seguida, relacionam as arritmias
cardíacas e, em menor escala, várias outras causas.
Na reunião anual da Associação
Americana de Cardiologia, os médicos Dan Sorajja e C. Richard
Conti debateram a ocorrência da
síncope em pessoas dirigindo automóveis. Sorajja estudou o prontuário de 3.878 pacientes atendidos na Clínica Mayo, em Rochester (EUA), com diagnóstico de
síncope. Deste total, 382 (10%) estavam ao volante do carro quando ocorreu o desmaio. A causa
mais freqüente foi a síncope vaso-vagal, confirmada pela história
clínica do paciente e por teste especializado. Outras causas foram
doenças cardíacas.
Sorajja acrescentou que a presença de pacientes com síncope
na direção de automóveis é freqüente nos acidentes, mas surpreendentemente não necessitam
de maiores cuidados médicos que
outros portadores da afecção.
A explicação, para Conti, é que
os portadores da síndrome perdem lentamente a consciência,
dispondo de tempo suficiente para estacionar de forma segura.
No estudo, Sorajja observou: 1. a
síncope não é causa incomum de
perda de consciência de pessoas
dirigindo um carro; 2. os portadores da síncope devem tomar cuidado com recorrências tardias; 3.
não há aumento da mortalidade
associada à síncope enquanto dirigindo um carro.
Neste último ponto, C. Richard
Conti não concordou. Ele acredita
haver aumento da mortalidade
associada ao desmaio do motorista, já que quando este morre não
há como saber se o acidente foi
causado por síncope vaso-vagal.
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