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Aluno de 15 anos acusa professora de racismo
Ele diz que foi criticado por usar piercing e ser negro
Alex Almeida/Folha Imagem
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Rafael Lourenço, que diz ter sido vítima de racismo na escola; o avô do adolescente pretende registrar um boletim de ocorrência
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O estudante Rafael Lourenço
de Paula Emílio, 15, acusa uma
professora da Escola Estadual
Oswaldo Aranha, no Brooklin,
zona sul, de racismo. Ao repreendê-lo por não estar com a
camiseta da escola, ela teria dito, segundo ele: "Você já é negro e ainda não usa o uniforme
da escola? Com este cabelo e
este piercing na boca, você parece mais um mano de gueto."
A professora nega que tenha sido racista.
O caso aconteceu na quinta-feira passada, mas só ontem a
família conseguiu comunicá-lo
à direção da escola. A Secretaria de Estado de Educação informou que a diretoria de ensino da região vai investigar se
houve racismo.
Rafael foi transferido para a
unidade neste ano. Além do ensino médio, ele cursa a Universidade de Música Tom Jobim,
onde foi um dos mais jovens admitidos, quando tinha 12 anos.
Ele também é o caçula da banda
Nachos, onde toca baixo. Usa
cabelo trançado e um piercing.
Na quinta-feira passada, o
adolescente foi sem a camiseta
"obrigatória" -apesar de o Estado não poder obrigar o uso de
uniforme por não fornecê-lo,
muitas escolas exigem- e foi
surpreendido pela inspetora.
"Eu acordei atrasado e coloquei
o blusão por cima de qualquer
camiseta, não achei que ia esquentar. Daí, estava sem a da
escola por baixo", disse.
No caminho para uma sala
onde havia camisetas extras para os estudantes, Rafael disse
que a inspetora parou na sala
do 3º ano do ensino médio
-onde a professora Maria Eliza
Miranda, 56, dava aula- e comentou o caso.
Segundo o estudante, naquele momento a professora teria
dito que ele "já era negro" e falou de seu visual. "Nunca tinha
visto a mulher", diz o aluno.
"Sempre soube que racismo
existia, mas nunca tinha acontecido comigo."
No dia seguinte, sua mãe foi
falar com a diretora. Esperou
por 40 minutos e não conseguiu ser atendida. Rafael diz
que chorou no fim de semana e
pensou em parar de estudar. Na
segunda-feira faltou e seu avô,
o consultor em Recursos Humanos, Hélio Cândido Emílio,
70, convenceu o neto a ir à aula
ontem e foi junto.
Segundo o avô, somente depois de esperar por mais de três
horas ele conseguiu falar com a
direção da escola, que prometeu investigar o caso. "Não é
por falar que é negro, mas por
dizer "além de ser negro", como
se só o fato de ser negro já fosse
um problema", disse.
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