São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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MARGARIDA MATOS BITTENCOURT (1902-2008)

A centenária matriarca de Imaruí (SC)

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para quem já teve de enterrar o marido, quatro filhos e sete netos, como Margarida Bittencourt, não havia meio termo. Era alguém adoentar-se e ela pegar um táxi, de Imaruí (SC) a Florianópolis -128 km para cuidar dos seus. "Pois controlava tudo de perto", diz a neta. "Era a matriarca dos Bittencourt."
Nasceu pobre em Imaruí.
Perdeu o pai com um ano e a mãe aos dez e foi criada pela irmã de 18 anos, que lhe ensinou a ler e escrever -aula mesmo teve um mês só com uma professora tuberculosa.
Até que conheceu o tropeiro Pedro Bittencourt. E casou.
Mas ele vivia na estrada, levando e trazendo cavalos gaúchos. E ela viveu foi com o sogro "entrevado na cama" e com os dez cunhados, mais jovens que ela. Só quando o sogro morreu e os cunhados casaram é que teve sua casa.
Com a Revolução de 1930, o marido foi nomeado prefeito de Imaruí, ficando no cargo por 30 anos -"15 como ditador e outros 15 como eleito". Tempo em que Margarida recebia em casa gente grande da política, como Nereu Ramos e Colombo Salles.
"Opiniosa", votou até na eleição de 2004. Foi a pé, de óculos e xale nos ombros. Mandou construir cinco casas às cinco moças que cuidaram dela na casa onde passou 76 anos da vida -que um dia será projetada nas telas, no documentário sobre ela feito pela neta cineasta.
Ao morrer na noite do dia 29 de abril, de trombose, a matriarca tinha 106 anos; e 111 descendentes vivos.


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