|
Texto Anterior | Índice
MARGARIDA MATOS BITTENCOURT (1902-2008)
A centenária matriarca de Imaruí (SC)
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem já teve de enterrar o marido, quatro filhos
e sete netos, como Margarida Bittencourt, não havia meio
termo. Era alguém adoentar-se e ela pegar um táxi, de
Imaruí (SC) a Florianópolis
-128 km para cuidar dos
seus. "Pois controlava tudo
de perto", diz a neta. "Era a
matriarca dos Bittencourt."
Nasceu pobre em Imaruí.
Perdeu o pai com um ano e a
mãe aos dez e foi criada pela
irmã de 18 anos, que lhe ensinou a ler e escrever -aula
mesmo teve um mês só com
uma professora tuberculosa.
Até que conheceu o tropeiro
Pedro Bittencourt. E casou.
Mas ele vivia na estrada,
levando e trazendo cavalos
gaúchos. E ela viveu foi com
o sogro "entrevado na cama"
e com os dez cunhados, mais
jovens que ela. Só quando o
sogro morreu e os cunhados
casaram é que teve sua casa.
Com a Revolução de 1930,
o marido foi nomeado prefeito de Imaruí, ficando no cargo por 30 anos -"15 como ditador e outros 15 como eleito". Tempo em que Margarida recebia em casa gente
grande da política, como Nereu Ramos e Colombo Salles.
"Opiniosa", votou até na eleição de 2004. Foi a pé, de óculos e xale nos ombros.
Mandou construir cinco
casas às cinco moças que cuidaram dela na casa onde passou 76 anos da vida -que um
dia será projetada nas telas,
no documentário sobre ela
feito pela neta cineasta.
Ao morrer na noite do dia
29 de abril, de trombose, a
matriarca tinha 106 anos; e
111 descendentes vivos.
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Índice
|