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Cesar Maia será denunciado por supostas irregularidades na Cidade da Música, no Rio
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-prefeito do Rio Cesar
Maia (DEM) vai ser denunciado pelo Ministério Público
sob acusação de improbidade
administrativa devido a supostas irregularidades na
construção da Cidade da Música, um complexo de salas
para concertos e óperas na
Barra da Tijuca (zona oeste).
A obra, inacabada, já consumiu R$ 518 milhões e foi interrompida pelo prefeito
Eduardo Paes (PMDB) em janeiro. Serão necessários um
ano de trabalho e R$ 150 milhões para concluir a obra, de
acordo com a atual gestão.
Cesar Maia disse que considera "muito bom" o ato do
Ministério Público, "pois os
esclarecimentos serão prestados pelas empreiteiras, pela
prefeitura, pelas consultorias
e pelo ateliê [do arquiteto]".
"O Ministério Público cumpre com seu dever", afirmou.
Segundo o promotor Gustavo Santana, responsável pela denúncia, Maia não tinha
nenhuma ideia sobre o valor
da obra quando ela começou.
"O arquiteto que fez o projeto [o francês Christian de
Portzamparc] disse que não
recebeu nenhuma recomendação sobre o valor da obra.
Poderia fazer o projeto que
quisesse, desde que respeitasse "padrão de qualidade internacional'", afirma Santana.
"Os contratos para construir a Cidade da Música foram sendo firmados sem nenhum controle de gastos", diz
Santana, que na semana passada recebeu o relatório parcial da auditoria promovida
pela atual administração.
"Antes de iniciar qualquer
construção, a administração
precisa ter ideia do valor que
vai gastar, até para que isso
seja previsto no orçamento
votado pelo Legislativo", diz.
Em 2003, quando a obra
começou, a prefeitura calculou o gasto em R$ 80 milhões,
mas, segundo o promotor, a
estimativa, "se realmente
ocorreu, não passou de chute". Além de Maia, diretores
da RioUrbe (Empresa Municipal de Urbanização, responsável por fiscalizar a obra) na
época da construção também
devem ser denunciados.
O Ministério Público investiga outras denúncias, como
supostos erros de projeto e
superfaturamento dos equipamentos de som. Santana,
porém, só tomará novos depoimentos após ler os documentos que já reuniu.
Segundo ele, o arquiteto diz
ter visto várias irregularidades, mas nega erros de projeto. "Ele disse que cumpriu
sua parte ao relatar os problemas à RioUrbe, pois não tinha
poder de interromper a construção", afirmou o promotor.
O arquiteto recebeu cerca de
R$ 23 milhões pelo serviço.
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