São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2005

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ACIDENTE

Equipamento prendeu pé de criança no 7º andar de condomínio em Praia Grande; vítimas caíram cerca de 30 m em fosso

Pai morre ao socorrer filho em elevador

DO "AGORA"

O administrador de empresas Alexandre Barbosa de Souza, 32, morreu, e seu filho Gustavo Queiroz de Souza, 8, ficou ferido depois de caírem no fosso do elevador do prédio em que a família tem um apartamento de veraneio em um condomínio em Praia Grande, litoral sul de São Paulo. O garoto está internado em estado grave no hospital Ana Costa, em Santos (85 km da capital).
Eles caíram do sétimo andar do prédio -a queda chega a 30 metros- por volta das 16h30 de domingo. A mulher do administrador, Erika Queiroz Souza, 29, estava no elevador com a filha Gabriela, de 11 meses, no colo.
A polícia ainda não sabe o que provocou o acidente. Segundo a família, depois que Erika entrou no elevador com a filha caçula, a porta se fechou e prendeu o pé de Gustavo. O pai forçou as portas para soltar o filho, enquanto o elevador, aparentemente sem motivo, subia até o 8º andar.
A polícia acredita que o administrador conseguiu abrir as portas, mas escorregou em uma porção de gelatina que o filho havia derramado no corredor e ambos caíram no poço do elevador.
"Socorro, meu filho e meu marido caíram no poço do elevador", gritou Erika, pedindo socorro.
"Tirem meu marido de lá, tirem meu filho", ela gritava, segundo vizinhos. Alexandre, no entanto, morreu na hora.
Segundo a assessoria do hospital Ana Costa, Gustavo sofreu traumatismos no crânio e no abdome, perdeu o baço e teve fraturas expostas no braço e na perna esquerdos. Até as 20h de ontem, permanecia na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) infantil.
Uma perícia feita ontem à tarde pela polícia não encontrou falhas no equipamento. "As portas, o sistema de travamento, tudo no elevador está em ordem", disse o engenheiro mecânico Jorge Carlos Nóbrega e Silva, perito do Instituto de Criminalística (IC).
O perito não soube explicar como as portas se abriram sem que o elevador estivesse parado no andar. "Isso vai ter que ser investigado", afirmou o engenheiro.
Entre o acidente e a perícia, o local do acidente ficou quase 24 horas sem a presença de um policial. Segundo a Polícia Civil, a presença de um policial era desnecessária, já que o local estava lacrado.
O edifício Paulo Roberto 9º, inaugurado em 2003, fica na rua Balneário Camboriú, no bairro Aviação, a uma quadra da praia Tupi. O condomínio, de 16 andares, tem 92 apartamentos, com preços que variam de R$ 40 mil a R$ 80 mil.

Interdição
Por ordem da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Praia Grande, técnicos da prefeitura interditaram o elevador.
A empresa JCW, responsável pela manutenção, foi notificada. Um dos sócios da companhia descartou que o elevador apresentasse problemas.
O engenheiro responsável pelo local, Dário Marcedônio, tem 15 dias para apresentar um relatório sobre as condições do elevador e as possíveis causas do acidente.
O outro elevador do prédio continuou a funcionar ontem, e houve moradores que não se importaram em usá-lo. "Estou usando mesmo, porque nunca tive problema com o elevador", disse o jornalista Rodrigo Costa, 26, que estava no prédio na hora do acidente. O síndico Luzineto Francisco Torres culpou os condôminos pelo acidente. Para ele, os moradores em geral fazem mau uso do equipamento.
(FAUSTO SALVADORI FILHO)


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