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Para Marta, turista deve "relaxar e gozar" durante crise aérea
Ministra deu a sugestão ao ser questionada sobre os problemas nos aeroportos; ela se desculpou horas depois
"Minha intenção foi dizer aos jornalistas e à população que viajar vale a pena", desculpou-se Marta, depois, em nota oficial
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Minutos depois de lançar,
pela manhã, um convite público para que os brasileiros viajem mais, a ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), deu
uma sugestão inusitada para os
que precisam enfrentar as longas filas nos aeroportos: "Relaxa e goza, porque você esquece
todos os transtornos depois".
Ainda comparou os problemas enfrentados nos aeroportos antes e depois das viagens
ao sofrimento da mulher durante o parto, que depois seria
esquecido com a alegria do nascimento da criança. "É como o
parto, depois esquece tudo."
Marta lançou mão do "relaxa
e goza" ao responder qual seria
sua sugestão para o brasileiro
que deseja viajar, mas fica desanimado com o caos aéreo. À tarde, por meio de nota, ela se desculpou pela "frase infeliz".
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, criticou a frase. "É uma
pena, evidente que temos de ter
muito respeito com a população", disse ele, para quem "a
ministra é uma mulher inteligente, com capacidade de comunicação".
Durante o dia, a frase "relaxa
e goza" teve mais repercussão
do que o Plano Nacional de Turismo anunciado por Marta no
início da manhã.
À tarde, ela divulgou nota oficial, por meio de sua assessoria,
pedindo desculpas. "Quero pedir desculpas aos turistas e a todos os brasileiros pela frase infeliz que proferi hoje, ao término de uma entrevista coletiva.
Não tive por intenção desdenhar, muito menos minimizar
os transtornos que estão sendo
enfrentados pelos usuários do
transporte aéreo."
Marta sugere, no texto, que
ela também enfrenta filas
quando viaja. "Minha intenção
foi dizer aos jornalistas e à população que viajar vale a pena,
mesmo que os problemas nos
aeroportos demorem um pouco mais, apesar de todo o empenho do governo federal para
agilizar as soluções."
Até a "frase infeliz", Marta
aparentava satisfação com os
projetos do ministério. Ao ser
indagada se não seria melhor
resolver primeiro o caos aéreo
para depois lançar um plano de
turismo, foi enfática: "Você não
faz uma coisa e outra depois,
faz tudo ao mesmo tempo".
A nomeação de Marta para o
ministério não foi tão tranqüila. Ex-prefeita de São Paulo, a
petista tinha vontade de assumir uma pasta mais relevante,
como o Ministério da Educação, mas foi relegada por Lula.
Ontem, ela tentou passar a
idéia de que estava "encantada"
com o Turismo, pela possibilidade de "fazer muitas coisas", a
"inclusão social" entre elas.
"Nossa prioridade será a de dar
musculatura, fortalecer o mercado interno, principalmente
por meio da inclusão de pessoas que nunca consumiram o
turismo", discursou.
Logo no início da cerimônia,
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva reclamava que o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), havia derrubado um copo de água nele. Lula
ficou com a roupa toda molhada. "Vocês viram que o Arlindo
Chinaglia quebrou um copo em
cima de mim, numa tentativa
de violência sem precedentes.
Estou todo molhado aqui, embora ninguém esteja vendo,
porque o terno é azul."
Colaborou Pedro Dias Leite, da Sucursal de Brasília
LEIA MAIS sobre o Plano Nacional de Turismo no Caderno Dinheiro
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