São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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Para Marta, turista deve "relaxar e gozar" durante crise aérea

Ministra deu a sugestão ao ser questionada sobre os problemas nos aeroportos; ela se desculpou horas depois

"Minha intenção foi dizer aos jornalistas e à população que viajar vale a pena", desculpou-se Marta, depois, em nota oficial

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Minutos depois de lançar, pela manhã, um convite público para que os brasileiros viajem mais, a ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), deu uma sugestão inusitada para os que precisam enfrentar as longas filas nos aeroportos: "Relaxa e goza, porque você esquece todos os transtornos depois". Ainda comparou os problemas enfrentados nos aeroportos antes e depois das viagens ao sofrimento da mulher durante o parto, que depois seria esquecido com a alegria do nascimento da criança. "É como o parto, depois esquece tudo." Marta lançou mão do "relaxa e goza" ao responder qual seria sua sugestão para o brasileiro que deseja viajar, mas fica desanimado com o caos aéreo. À tarde, por meio de nota, ela se desculpou pela "frase infeliz".
O ministro da Defesa, Waldir Pires, criticou a frase. "É uma pena, evidente que temos de ter muito respeito com a população", disse ele, para quem "a ministra é uma mulher inteligente, com capacidade de comunicação". Durante o dia, a frase "relaxa e goza" teve mais repercussão do que o Plano Nacional de Turismo anunciado por Marta no início da manhã.
À tarde, ela divulgou nota oficial, por meio de sua assessoria, pedindo desculpas. "Quero pedir desculpas aos turistas e a todos os brasileiros pela frase infeliz que proferi hoje, ao término de uma entrevista coletiva. Não tive por intenção desdenhar, muito menos minimizar os transtornos que estão sendo enfrentados pelos usuários do transporte aéreo." Marta sugere, no texto, que ela também enfrenta filas quando viaja. "Minha intenção foi dizer aos jornalistas e à população que viajar vale a pena, mesmo que os problemas nos aeroportos demorem um pouco mais, apesar de todo o empenho do governo federal para agilizar as soluções."
Até a "frase infeliz", Marta aparentava satisfação com os projetos do ministério. Ao ser indagada se não seria melhor resolver primeiro o caos aéreo para depois lançar um plano de turismo, foi enfática: "Você não faz uma coisa e outra depois, faz tudo ao mesmo tempo".
A nomeação de Marta para o ministério não foi tão tranqüila. Ex-prefeita de São Paulo, a petista tinha vontade de assumir uma pasta mais relevante, como o Ministério da Educação, mas foi relegada por Lula. Ontem, ela tentou passar a idéia de que estava "encantada" com o Turismo, pela possibilidade de "fazer muitas coisas", a "inclusão social" entre elas. "Nossa prioridade será a de dar musculatura, fortalecer o mercado interno, principalmente por meio da inclusão de pessoas que nunca consumiram o turismo", discursou.
Logo no início da cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamava que o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), havia derrubado um copo de água nele. Lula ficou com a roupa toda molhada. "Vocês viram que o Arlindo Chinaglia quebrou um copo em cima de mim, numa tentativa de violência sem precedentes. Estou todo molhado aqui, embora ninguém esteja vendo, porque o terno é azul."


Colaborou Pedro Dias Leite, da Sucursal de Brasília

LEIA MAIS sobre o Plano Nacional de Turismo no Caderno Dinheiro


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