Mesmo com indicativo de desocupação, estudantes da USP não têm garantia de que serão recebidos por Suely Vilela

Carta em blog dos invasores pede que sejam marcadas data e hora para discussão das reivindicações; não há previsão de desocupação

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de terem aprovado um indicativo para desocupar a reitoria, invadida há 42 dias, os estudantes da USP não conseguiram ontem nem mesmo a garantia de que serão recebidos pela reitora Suely Vilela para discutir suas reivindicações.
A única manifestação da reitora sobre o assunto foi um comunicado divulgado à imprensa em que diz ter tomado "conhecimento apenas através da mídia do indicativo de desocupação" e, ainda, não ter recebido uma proposta concreta da intenção dos estudantes.
"Aguardamos resposta no sentido de marcarmos data e hora da próxima reunião para a discussão dos pontos deliberados pelos estudantes", diz trecho da carta aberta dos alunos, colocada no blog dos invasores.
Se tivessem os pedidos atendidos, os manifestantes pretendiam deixar a reitoria numa festa durante o encontro nacional de estudantes, no sábado.
O que deve frustar mais os alunos é a possibilidade de a reitora negar três de quatro pedidos. A principal recusa deve ser a garantia de não-punição.
Um dos motivos é a hipótese de ter havido depredações ou furtos na reitoria. Dessa forma, Suely não poderia impedir a expulsão ou demissão de funcionários, sob pena de ela própria ser responsabilizada pela proteção aos infratores.
A Folha apurou que o governador José Serra (PSDB) vai deixar nas mãos de Suely toda a negociação com os alunos. "A grave está se desmilingüindo", disse ontem o governador.
Os funcionários da USP decidiram ontem que ficarão na reitoria enquanto os estudantes permanecerem. Um dos diretores do Sintusp (sindicato dos trabalhadores da USP), Magno de Carvalho, disse que o indicativo de desocupação foi uma decisão acertada. "Acho uma decisão sabia dos estudantes, que eles não estão fazendo aqui ocupação pela ocupação."
Em Araraquara, estudantes da Unesp ocuparam ontem a diretoria da Faculdade de Ciências e Letras. Os alunos informaram que a decisão seguiu a pauta unificada dos estudantes das três universidades estaduais. Segundo eles, 80 estudantes participaram da ação. A diretoria atribuiu a invasão ao fim da greve dos docentes.
Em Campinas, docentes e funcionários da Unicamp fazem hoje assembléias. Na segunda, eles decidiram manter a greve por melhores salários.