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PM aceita melhor os gays, diz homossexual que saiu do Exército e virou policial
Ricardo Junqueira/Folha Imagem
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Jarbas de Sousa Costa, gay assumido, abandonou o Exército e atualmente é policial militar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Atualmente soldado da Polícia Militar no Rio Grande do
Norte, o ex-sargento do Exército Jarbas de Sousa Costa,
31, diz que, assim como relatam os sargentos presos em
Brasília, sofreu pressão das
Forças Armadas por causa de
sua orientação sexual. E deixou a corporação por isso, diz.
"Fui obrigado pelo meu comando a pedir para sair do
Exército pelo fato de eu ser
gay", afirmou. Costa serviu no
Rio de Janeiro até 2002,
quando pediu baixa.
Hoje, trabalhando no Bope
(Batalhão Operacional de Polícias Especiais), em Natal, ele
afirma que a perseguição não
existe mais. "Na PM, isso é
aceito com mais naturalidade", afirma Costa.
Ele diz que os colegas sabem que ele deixou o Exército
por causa da homossexualidade, mas que eles não conhecem a complicada história que revelou aos comandantes do Rio de Janeiro a sua
orientação sexual.
O soldado conta que se envolveu num relacionamento
com um marinheiro, também
do Rio, e, quando quis terminar a relação, o marinheiro
passou a ligar para o quartel
em que Costa trabalhava. Dizia, nos telefonemas, que era
seu "namorado".
Em uma briga com o marinheiro, Costa acabou acusado
por ele de agressão, o que culminou na abertura de uma
sindicância.
"O foco principal era esse
[de ser gay]. Mas, como eles
estão fazendo com o Laci [de
Araújo, sargento preso], eles
mascaram uma coisa que na
verdade é outra. Queriam me
expulsar mesmo porque descobriram que eu era gay", disse Costa.
Ele diz ter ouvido de seu comandante que tinha duas opções: pedir baixa ou ser expulso do Exército.
"Se eu pedisse para ir embora, eu ia sair bem, com a ficha limpa. Se eu fosse expulso, ia sair queimado."
O soldado diz que gostaria
de voltar ao Exército, lugar
onde ele gostava de trabalhar.
Para isso, entrou com processo pedindo reintegração e reparação por danos morais.
"O major, na minha cara,
falou que eu não tinha capacidade de vergar aquele uniforme verde-oliva. Que pena que
eu não gravei nada disso."
Procurado pela reportagem, o Comando Militar do
Leste do Exército respondeu,
por meio da assessoria, que a
demissão de Costa teve "caráter voluntário" e que "não há
nenhum registro sobre opção
sexual nos arquivos existentes sobre o processo de desligamento do serviço ativo do
ex-militar em questão".
(JN)
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