Ordem dos Advogados quer apurar se Mércia Nakashima foi assassinada em razão do exercício da profissão

Ex-namorado da vítima, apontado como um dos suspeitos pelo crime, deve se reunir amanhã com comissão da OAB

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
LUIS KAWAGUTI
DO "AGORA"

A morte da advogada Mércia Nakashima, 28, será investigada por uma comissão especial da OAB-SP.
Como uma das linhas de investigação sobre o crime está relacionada ao exercício da profissão da vítima, a Comissão Especial de Acompanhamento de Inquéritos dos Advogados Vítimas de Homicídio entrou no caso.
O ex-namorado de Mércia, Mizael Bispo de Souza, 40, apontado pela polícia como suspeito pelo crime, vai se reunir amanhã com a comissão para falar sobre supostas ameaças que a vítima teria sofrido de alguns clientes. Souza é ex-PM, advogado e foi sócio de Mércia em escritório de advocacia.
Até um pescador encontrar o corpo de Mércia, na sexta-feira, Souza era apontado como o principal suspeito pelo sumiço da advogada, em 23 de maio.
O presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, afirmou que pedirá ao secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, uma investigação rápida para saber o autor do crime da advogada, inscrita na OAB-SP desde fevereiro de 2005.
O corpo de Mércia estava na mesma represa de Nazaré Paulista (64 km de São Paulo) em que o carro dela, um Honda Fit, havia sido localizado submerso na quinta.
Como alguns exames preliminares no veículo e no corpo da advogada deram indicações à polícia de que o crime foi cometido por mais de uma pessoa, o advogado de defesa de Souza, Samir Haddad, disse que o ex-PM já não é mais suspeito da morte.
"Ao contrário, está se distanciando cada vez mais dele [Souza] a certeza da autoria. Antes, tinham certeza de que era crime passional. Agora já não é passional porque descobriram que teve a participação de mais de uma pessoa e que ela não foi morta no mesmo dia [em que sumiu]", disse o advogado Haddad.
"A perícia é a última esperança da polícia para levantar alguma evidência contra o Mizael [Souza]. A gente está super feliz que eles [policiais] tenham feito de tudo para provar a ligação dele à morte de Mércia...", disse irônico.
Peritos vão se dedicar hoje a coletar evidências no carro da advogada, que ainda está bastante molhado. A polícia também quer estabelecer uma linha do tempo para saber o dia em que Mércia foi morta, isso a partir dos exames em seu corpo, que tinha uma fratura no maxilar.
A Folha apurou que médicos legistas que a examinaram deverão afirmar no laudo necroscópico não ser possível estabelecer qual foi a causa da morte da advogada.
Por desconfiar do trabalho policial, parentes de Mércia fizeram ontem uma varredura na represa onde o seu corpo estava. A intenção era achar pistas que ajudem a descobrir quem a matou.

"TIRAR PROVEITO"
Para o advogado Haddad, a resolução do caso beneficiará o ex-namorado. "Ele vai tirar proveito. A gente vai escrever um livro, que até sei o nome: "Mizael na Cova dos Leões". A gente vai ganhar dinheiro com isso", afirmou.


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