São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2011 |
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Só no grito Companhias aéreas não oferecem por iniciativa própria benefícios a que passageiros têm direito
RICARDO GALLO DE SÃO PAULO RAPHAEL MARCHIORI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O cirurgião argentino Hector Gonzales, 50, passou a madrugada e a manhã de ontem no chão do aeroporto de Guarulhos (Grande SP), após o fechamento do aeroporto em Buenos Aires devido às cinzas do vulcão Puyehue. Não precisava: como o voo atrasou mais de quatro horas, Hector teria direito a hospedagem, além de alimentação e acesso a internet, segundo norma da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de 2010. Mas a empresa -a Aerolíneas Argentinas- não lhe informou nada disso. A atitude não é incomum: embora devessem fazê-lo, companhias aéreas raramente oferecem, por iniciativa própria, benefícios garantidos por lei para atrasos ou cancelamento de voos. Só ganha quem pergunta sobre eles à companhia. Hector só soube às 14h de ontem -nove horas após chegar a Cumbica, de Londres- que o voo não decolaria. Como não sabia dos direitos previstos pela Anac, não questionou a empresa. A Folha ouviu histórias semelhantes entre passageiros da TAM e da Gol. Novamente por causa do vulcão, aeroportos da Argentina e do Uruguai voltaram a fechar ontem. No Brasil, ao menos 69 voos foram cancelados. Entre as empresas com voos para Buenos Aires e Montevidéu, a única a oferecer prontamente transporte, alimentação e/ou hospedagem foi a uruguaia Pluna. Com viagem marcada para Buenos Aires, a médica Rina Carvalho, 23, ficou sem transporte e alimentação em Cumbica. Tentou reclamar com a TAM, sem sucesso. Resultado: pagou do bolso a volta para Pilar do Sul (a 150 km de SP), de ônibus. Segundo a Anac, as empresas são obrigadas a informar os passageiros sobre os seus direitos e estão sujeitas a multa se não o fizerem. Diretor de segurança do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho diz ter avisado ele mesmo a uma passageira, na semana passada, sobre o direitos de transporte em caso de atraso. Eles eram vizinhos de poltrona em um voo. "Em geral, a empresa aplica a lei à letra. Se não está escrito expressamente que a empresa tem de ser proativa, ela não vai oferecer espontaneamente", diz Lucas Cabette, advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). "Assim, só aqueles mais bem informados conseguem recorrer." A TAM e a Gol informaram que cumprem a resolução da Anac e prestam assistência aos clientes. A primeira acrescentou que mantém cartazes nos aeroportos para informar os passageiros da resolução; a Gol disse ter funcionários para atendimento individual aos usuários. Nenhuma das duas respondeu à Folha se oferece benefícios aos passageiros. A reportagem não conseguiu contato com a Aerolíneas Argentinas ontem. O Sindicato das Empresas Aéreas não se manifestou. HOJE Autoridades aeroportuárias da Argentina e do Uruguai avaliarão hoje se os voos poderão ser retomados. Um dos prejudicados ontem foi o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele teve de percorrer mais de 700 km por terra entre Córdoba e Buenos Aires. Colaborou LUCAS FERRAZ, de Buenos Aires Texto Anterior: Há 90 Anos Próximo Texto: Na África: Outro vulcão desperta e ameaça voos Índice | Comunicar Erros |
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