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Jovens usam bicicleta e paus em ataques
Suspeitos de ações na região de Ribeirão Preto agem a pé ou de bicicleta com galões de gasolina, coquetéis molotov e madeira
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Eliseu
Eclair Teixeira, o PCC
terceirizou as ações de
destruição
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Filho mais velho de uma dona-de-casa de 33 anos que mora no bairro Jóquei Clube, em
São Carlos (231 km da capital),
um adolescente de 16 anos juntou-se na noite de anteontem a
seis amigos, vestiu capuz e
ateou fogo a um ônibus.
As chamas atingiram suas
roupas, ele tentou fugir de bicicleta e acabou internado na
Santa Casa com cerca de 75%
do corpo queimado. Entre os
três suspeitos presos, dois têm
menos de 18 anos.
O adolescente queimado
-definido pela mãe como um
"bom menino" que divide seu
tempo entre o trabalho de servente de pedreiro, o estudo e a
namorada- tem o perfil da
maioria dos suspeitos dos ataques na região de Ribeirão Preto. A pé ou de bicicleta e sem armas, andam com galões de gasolina, coquetéis molotov e
paus. Eles queimam ônibus e
atacam prédios públicos ou comerciais, supostamente a mando de adultos ligados ao PCC.
"Agora são adolescentes, a
maioria com 20, 18 anos", disse
o comandante-geral da PM, coronel Eliseu Eclair Teixeira sobre a segunda onda de ataques,
em que, segundo ele, o PCC terceirizou as ações de destruição.
A namorada do adolescente
disse que tentou falar com ele
anteontem o dia inteiro e não
conseguiu. Ela estranhou o envolvimento do rapaz no crime e
disse que todos que agiram no
atentado ao ônibus são amigos
de infância do bairro.
Em Barrinha, cidade pacata
de 27 mil habitantes e vítima do
maior número de ações na região de Ribeirão, o vigia da garagem municipal foi controlado com um pedaço de pau por
dois adolescentes, enquanto
outros três incendiavam o único caminhão de lixo da cidade e
um caminhão-pipa.
A casa de um PM da cidade
foi atingida por coquetel molotov, assim como os prédios da
Guarda Municipal e do Conselho Tutelar. Esses departamentos ainda foram arrombados. A
sala do conselho teve móveis e
boa parte dos documentos destruídos. "Há trabalho de anos
de acompanhamento de garotos que foi perdido", disse a
conselheira Paula Lisboa.
Segundo a polícia, alguns
adolescentes recolhidos pela
PM, suspeitos de praticarem as
ações em Barrinha, disseram
que a ordem de destruir partiu
de um adulto. O acusado confessou, de acordo com a polícia,
ter agido a mando de outros criminosos como "forma de pagamento" por dívidas de drogas.
32 ataques
O atentado ao ônibus protagonizado pelo grupo de São
Carlos e os ataques em Barrinha integram os 32 contabilizados pela polícia em 12 cidades
da região entre a noite de quarta e ontem. O saldo inclui oito
ônibus, três caminhões e dois
carros queimados, dois fóruns
atingidos por tiros, assim como
dois supermercados e uma
agência bancária.
Foram jogados coquetéis
molotov nas casas de uma delegada, de um PM e de um médico. Também foram atingidos
um prédio da Vara do Trabalho,
três órgãos municipais, dois
bancos, quatro carros (um policial), uma oficina mecânica,
uma base da Guarda Civil, uma
escola e um supermercado.
Ribeirão Preto, que não havia
registrado nenhum ataque anteontem, teve dois casos ontem: bombas caseiras foram
atiradas contra um supermercado e uma agência dos Correios no Ipiranga. A do supermercado não explodiu.
No final da tarde, cinco pessoas foram presas em Ribeirão,
suspeitas de ligação com o PCC.
Apesar do volume de ataques, não houve feridos, com
exceção do adolescente queimado em São Carlos. A polícia
investiga a tentativa de atentado a um PM em Pradópolis, por
três suspeitos -todos presos.
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