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União planeja envio das Forças Armadas
Governo federal já esquematiza o uso do Exército no Estado, mas decisão ainda depende da aprovação do governador
Ministro Thomaz Bastos apresenta hoje propostas a Lembo para ações militares de patrulhamento, dissuasão e inteligência
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal já tem esquematizado todo um plano
para a entrada ostensiva das
Forças Armadas para tentar
conter a crise na segurança em
São Paulo, inclusive com o deslocamento de brigadas e de tanques e armamento do Exército.
Isso, porém, depende da aprovação prévia do governador
Cláudio Lembo.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tem reunião com Lembo às 15h de hoje,
em São Paulo, para oferecer os
cenários possíveis de ajuda, à
escolha do governador. Se ele
recusar a operação militar ostensiva, o ministro sugerirá
participação apenas nas operações de inteligência.
Serão duas reuniões simultâneas. Bastos e Lembo vão discutir a questão mais genericamente, ou politicamente, enquanto suas equipes vão detalhar procedimentos, locais,
contingentes, prazos.
Poder coercitivo
Um sinal claro de que governos federal e estadual já vêm
conversando sobre a possibilidade de participação das Forças Armadas é que o comandante militar do Sudeste, general-de-Exército Luiz Edmundo
de Carvalho, estará presente à
reunião. Ontem, por sinal, o
ministro e o governador se falaram por telefone pela manhã.
Também irão de Brasília o diretor-geral da Polícia Federal,
Paulo Lacerda, e comandantes,
chefes e secretários do Ministério da Justiça.
A intenção não é provocar o
confronto direto de oficiais e
soldados com bandidos nas
ruas paulistas, mas sim usar o
"poder coercitivo" das Forças
Armadas, ou seja, em operações de dissuasão, de patrulhamento e de inteligência.
Os efetivos poderiam ser usados também para o transporte de presos, varredura de presídios e
identificação dos líderes principais do movimento.
No caso de inteligência, aliás,
os militares, a PF e a Abin
(Agência Brasileira de Inteligência, ligada ao Planalto) já estão atuando em São Paulo.
Caso Lembo e Bastos acertem a participação direta de
Exército, Aeronáutica e Marinha, poderão ser deslocados
efetivos da Brigada de Operações Especiais do Exército,
com sede em Goiânia (GO) e
efetivo de 1.800 homens.
Também poderiam ser convocadas três outras brigadas: a
de Infantaria Pára-Quedista,
do Rio, a de Infantaria Leve, de
Caçapava, e a de Aviação do
Exército, em Taubaté.
Bastos discutiu os planos alternativos (ou cenários), ontem, com os comandantes do
Exército, general Francisco Albuquerque, da Aeronáutica,
brigadeiro Luiz Carlos Bueno, e
da Marinha, almirante Roberto
Luiz de Carvalho.
Sem intervenção
Após a reunião, em entrevista coletiva, Bastos descartou a
possibilidade de intervenção
federal em São Paulo e disse
que irá apresentar a Lembo um
pacote de medidas "importantes", sem detalhar quais.
A Folha apurou que ele disponibilizará recursos para reformas no sistema penitenciário paulista e para o aparelhamento e articulação de um sistema de inteligência capaz de
integrar o trabalho das polícias.
Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local
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