São Paulo, sábado, 14 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casal é acusado de dar golpe em detentos

Nilton dos Santos e Andréia Ribeiro da Motta foram presos anteontem na rodoviária de Curitiba pela Polícia Federal

Presidiários recebiam telegramas que ofereciam ajuda em julgamento e que tinham assinaturas falsas de ministros do STJ

JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Nilton dos Santos, 53, e a mulher dele, Andréia Ribeiro da Motta, foram presos anteontem à noite na rodoviária de Curitiba (PR), pela Polícia Federal, acusados de integrar uma quadrilha que usava nomes de ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para dar golpes em presidiários.
Eles mandavam telegramas para o preso que iria ter um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal), geralmente processos de habeas corpus (recurso contra ameaça à liberdade), e se ofereciam para interceder no julgamento que seria feito pelo ministro Carlos Ayres Brito. Para isso, pediam de R$ 4.000 a R$ 5.000 para as "custas processuais".
A Polícia Federal começou a investigar o caso em abril a pedido do ministro, depois que ele começou a receber denúncias de advogados sobre o uso indevido do seu nome.
Uma das denúncias foi feita pelo advogado César Augusto Moreira, de Ribeirão Preto. O cliente dele, um traficante que está na Penitenciária de Ribeirão Preto, foi vítima do golpe.
"Eu estive com o ministro há dois meses e o informei de que uma quadrilha tinha oferecido a venda de votos dele para clientes meus em ações que tramitam no Supremo Tribunal Federal", disse Moreira.
De acordo com um delegado da Polícia Federal de Brasília que pediu anonimato, pelo menos 35 presos foram vítimas do golpe em quatro Estados. "Acreditamos que, de cada dez golpes que ele tentava, pelo menos um dava certo."
O golpista descobria os presos que tinham processos tramitando no STF e entrava em contato com o detento pelo telegrama. Fornecia três números de telefone de Brasília.
Quando a família telefonava, a ligação caía na secretária eletrônica, e uma pessoa que se identificava como Vicente Leal (nome de um ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça) solicitava que deixasse um recado e o número do telefone que ele ligaria mais tarde.
Santos, então, se identificava como sendo membro de um escritório de consultoria formado por Leal e os também ex-ministros do STJ Edson Vidigal e Jorge Scartezzinni. Pedia que a família não comentasse com o advogado que defende o preso.
A assessoria do ministro Carlos Ayres Brito, que está na Europa, disse que ele mandou investigar o caso e não vai comentar o assunto. Os ex-ministros não foram localizados ontem pela Folha. O casal preso ainda não constituiu advogado.
Segundo a PF, Santos confessou o crime.


Texto Anterior: Crime: Envolvidos no furto ao BC terão bens leiloados
Próximo Texto: Preso de Ribeirão Preto recebeu telegrama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.