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Casal é acusado de dar golpe em detentos
Nilton dos Santos e Andréia Ribeiro da Motta foram presos anteontem na rodoviária de Curitiba pela Polícia Federal
Presidiários recebiam telegramas que ofereciam ajuda em julgamento e que tinham assinaturas falsas
de ministros do STJ
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Nilton dos Santos, 53, e a mulher dele, Andréia Ribeiro da
Motta, foram presos anteontem à noite na rodoviária de
Curitiba (PR), pela Polícia Federal, acusados de integrar
uma quadrilha que usava nomes de ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para dar golpes em presidiários.
Eles mandavam telegramas
para o preso que iria ter um julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal), geralmente
processos de habeas corpus
(recurso contra ameaça à liberdade), e se ofereciam para interceder no julgamento que seria feito pelo ministro Carlos
Ayres Brito. Para isso, pediam
de R$ 4.000 a R$ 5.000 para as
"custas processuais".
A Polícia Federal começou a
investigar o caso em abril a pedido do ministro, depois que
ele começou a receber denúncias de advogados sobre o uso
indevido do seu nome.
Uma das denúncias foi feita
pelo advogado César Augusto
Moreira, de Ribeirão Preto. O
cliente dele, um traficante que
está na Penitenciária de Ribeirão Preto, foi vítima do golpe.
"Eu estive com o ministro há
dois meses e o informei de que
uma quadrilha tinha oferecido
a venda de votos dele para
clientes meus em ações que tramitam no Supremo Tribunal
Federal", disse Moreira.
De acordo com um delegado
da Polícia Federal de Brasília
que pediu anonimato, pelo menos 35 presos foram vítimas do
golpe em quatro Estados.
"Acreditamos que, de cada dez
golpes que ele tentava, pelo menos um dava certo."
O golpista descobria os presos que tinham processos tramitando no STF e entrava em
contato com o detento pelo telegrama. Fornecia três números de telefone de Brasília.
Quando a família telefonava,
a ligação caía na secretária eletrônica, e uma pessoa que se
identificava como Vicente Leal
(nome de um ex-ministro do
Superior Tribunal de Justiça)
solicitava que deixasse um recado e o número do telefone
que ele ligaria mais tarde.
Santos, então, se identificava
como sendo membro de um escritório de consultoria formado
por Leal e os também ex-ministros do STJ Edson Vidigal e
Jorge Scartezzinni. Pedia que a
família não comentasse com o
advogado que defende o preso.
A assessoria do ministro Carlos Ayres Brito, que está na Europa, disse que ele mandou investigar o caso e não vai comentar o assunto. Os ex-ministros
não foram localizados ontem
pela Folha. O casal preso ainda
não constituiu advogado.
Segundo a PF, Santos confessou o crime.
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