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Para entidades, fracionado "morre" sem a obrigatoriedade
Pro Teste e Idec afirmam que indústria não vai fracionar remédios se não for obrigada
Instituições de defesa do consumidor criticam o fato de o substitutivo ter sido aprovado na comissão sem que fossem ouvidas
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem a obrigatoriedade do
fracionamento, a medida não
sairá do papel, avaliam as entidades de defesa do consumidor. Elas criticam o fato de o
substitutivo ter sido aprovado
em comissão na Câmara sem
que fossem consultadas e prometem se mobilizar para evitar
que a obrigatoriedade caia.
"É lamentável que um projeto como esse seja aprovado pela
Comissão de Defesa do Consumidor e que entidades que realmente representam os interesses do consumidor tenham ficado de fora dessa discussão",
diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste
(Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) e colunista
da Folha.
Para ela, o substitutivo que
está na Câmara "mata a proposta original do governo".
"Elas jamais vão fabricar fracionados se não forem obrigadas. A política vai continuar no
papel, vai ficar longe dos olhos
do consumidor."
A mesma percepção tem o
sanitarista Sesifredo Paz, consultor do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e presidente do fórum nacional das entidades civis de
defesa do consumidor.
"Não funciona [sem a obrigatoriedade]. As indústrias não
fabricam, as farmácias não fazem questão nenhuma de exigir, os médicos não prescrevem
porque não são orientados. É
um círculo de responsabilidades que não são cumpridas",
avalia.
Segundo Dolci, da Proteste, a
aprovação do substitutivo
mostra que a indústria farmacêutica tem um "lobby poderoso" no Congresso. "O que eles
não conseguem junto ao governo, eles pressionam no Congresso. Isso mata qualquer iniciativa que possa favorecer os
consumidores e a população
em geral. Todas as vezes em
que eles se sentem ameaçados,
acontece isso."
Campanhas
Sobre o argumento da indústria farmacêutica e do comércio varejista, de que os consumidores não se interessam pelos fracionados, Dolci é enfática: "Não pedem porque não encontram, porque não foram
conscientizados de quanto poderiam economizar".
Ela acrescenta: "Se ele pede
uma caixa de remédio com 12
[comprimidos] e só tem uma
caixa com 14, ele não tem
alternativa senão levá-la. Se
não tem opção, ele não vai pedir. Mas se as empresas forem
obrigadas, logicamente que, de
uma forma conjunta, todo
mundo vai pedir."
Para Sesifredo Paz, falta o governo investir em amplas campanhas de conscientização, explicando as vantagens do fracionamento. "A medida é importante, vai beneficiar o consumidor, mas a maioria da população nem sabe que essa proposta existe. A população tem
que ter consciência, tem que
ser informada para exigir."
Paz diz que não estranhou a
aprovação do substitutivo pela
Comissão de Defesa do Consumidor -que derruba a obrigatoriedade do fracionamento.
"As indústrias e comércio varejista ganham muito dinheiro da
forma como está e não vão abrir
mão disso."
Ele garante que as entidades
ligadas ao fórum que representa vão se mobilizar para evitar
que o substitutivo seja aprovado no plenário da Câmara.
(CLAUDIA COLLUCCI)
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