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Caixas com quantia prevista em tratamento ficam livres
Fracionamento não será exigido quando nš de comprimidos corresponder à prescrição
Para representante da indústria farmacêutica, não há necessidade de obrigar todo parque industrial a fabricar produto fracionado
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Saúde poderá abrir mão da obrigatoriedade do fracionamento de medicamentos em situações em que
as empresas farmacêuticas registrarem embalagens com a
quantidade de remédio compatível com o tratamento.
A idéia é que a Anvisa regulamente esses casos. Por exemplo, a empresa vai registrar um
determinado remédio (ou pedir a renovação, fato que acontece a cada cinco anos) com
uma embalagem de 40 comprimidos. Se o tratamento requerer apenas 16, a agência só autorizará o registro se a empresa
também registrar o fracionado
com essa quantidade.
Segundo Dirceu Barbano, diretor do departamento de assistência farmacêutica do ministério, as empresas que já fabricam medicamentos na
quantidade exigida pelo tratamento, estarão livres da exigência. "Se tem uma embalagem de 20 [comprimidos] e o
tratamento requer 20, não é
preciso ter embalagem fracionada", explica.
Barbano afirma que, entre
obrigar a indústria a oferecer
medicamentos em quantidade
compatível com a necessidade
do consumidor e obrigar o consumidor a comprar uma quantidade maior, "nada melhor
que obrigar a empresa, que é o
lado mais forte dessa história".
A Anvisa, afirma Barbano,
também ficará atenta para casos de embalagens que contém
medicamentos em quantidade
inferior à recomendada. "Há alguma lógica de vender remédio
para pressão alta [de uso contínuo] em embalagens com seis
comprimidos? Por que a cada
mês a pessoa tem que pagar
cinco bulas, cinco caixinhas?
Não tem que analisar se tem sobra ou não, a questão é: as embalagens são compatíveis?"
Ele discorda dos argumentos
da indústria farmacêutica e do
setor varejista de que o consumidor não procura por fracionados. "Há procura, mas a população não acha o produto. Há
empresas que registraram e estão produzindo, mas não há
quem venda. Embora muitas
indústrias achem o fracionamento indigesto, a resistência
maior está na farmácia."
Indústria
Para Ciro Mortella, da Febrafarma, não há necessidade de
obrigar toda indústria farmacêutica instalada no Brasil a fabricar produto fracionado.
"Não precisa criar um constrangimento a 90% das empresas se 10% se dispuserem a fazer isso e derem cobertura ao
mercado."
Na sua opinião, não há uma
avaliação concreta se existe ou
não demanda por produto fracionado. "Ninguém fez esse estudo a fundo. Não sei se a população considera o fracionamento é relevante. Não sei o quanto
tem de impressionismo nessa
história. Talvez seja a resposta
porque [o fracionamento] não
decola. Se o consumidor diz
que vai comprar, não tem porquê a indústria e a farmácia não
venderem", avalia.
Mortella diz acreditar que as
pessoas têm sobra de medicamento em casa porque compram produtos de venda livre,
sem receita médica, se automedicam e porque não fazem o
tratamento corretamente.
"Talvez também tenha uma
sobra de produto devido à diferença de esquema posológico.
A cartela vem com 20, mas o
médico, por uma opção terapêutica, receita três por seis
dias. Deu 18, sobram dois. Não
sei até que ponto esses dois que
sobraram lá representam um
grande problema para as pessoas a ponto de levá-las a comprar produto fracionado."
Para ele, é falso o argumento
de que a indústria é contra o
fracionamento porque terá
prejuízos. "A indústria não precisa do que sobra na casa das
pessoas para sobreviver."
(CC)
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