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Antivirais são eficazes contra a nova gripe, mostra estudo
Trabalho publicado na "Nature" é a primeira pesquisa detalhada sobre a gripe suína
Texto aponta semelhanças entre o vírus da "gripe espanhola", que provocou milhões de mortes, e o causador da atual pandemia
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O vírus da gripe de origem
suína é mais perigoso do que
aquele que causa as epidemias
anuais da doença e tem características que o aproximam do
que matou milhões no final da
Primeira Guerra Mundial, a
epidemia global chamada "gripe espanhola".
O primeiro estudo detalhado
caracterizando a ação do vírus
em proveta e em modelos animais, feito por uma equipe de
52 pesquisadores do Japão e
dos EUA, mostrou que o novo
vírus é capaz de infectar células
profundamente nos pulmões, o
que aumenta o risco de pneumonia e de morte.
Mas o mesmo trabalho demonstrou que, por enquanto, o
vírus H1N1/09 é vulnerável a
drogas antivirais existentes e
em desenvolvimento.
Foram testadas com sucesso
as drogas oseltamivir (comercializada como Tamiflu) e zanamivir (vendida como Relenza), além da experimental R-125489. Todas agem contra
uma proteína da superfície do
vírus, a neuraminidase.
Também foi eficaz o composto experimental T-705, que inibe outra enzima do vírus, envolvida na sua replicação.
A equipe liderada por Yoshihiro Kawaoka, das universidades de Wisconsin-Madison
(EUA), Kobe e Tóquio (Japão),
avaliou a ação do vírus tanto em
proveta como em modelos animais (camundongos, furões,
macacos e porcos miniatura).
Os porcos foram infectados,
mas não exibiram sintomas de
doença. Já nos outros animais a
doença foi mais severa que a
causada por variantes sazonais
do H1N1. Os vírus H1N1/09
usados vieram de pacientes dos
EUA, da Holanda e do Japão.
Os pesquisadores demonstraram também que o vírus tem
semelhanças com o H1N1 causador da gripe espanhola, pois
testes em proveta com anticorpos de pessoas nascidas antes
de 1918 revelaram que eles conseguiram reconhecer e neutralizar o vírus de 2009. A capacidade de afetar os pulmões é outra característica que lembra o
vírus matador do passado.
O trabalho será publicado na
revista "Nature", mas, por sua
importância, a editora já o disponibilizou na internet (http:/
/www.nature.com/nature/
journal/vnfv/ ncurrent/ pdf/
nature08260.pdf).
"Nossas descobertas são um
lembrete de que os vírus de influenza de origem suína ainda
não adquiriram seu lugar na
história, mas ainda podem fazê-lo", escreveram Kawaoka e
colegas na "Nature".
Vírus são capazes de mutações rápidas. O da influenza
tem apenas oito genes, mas a
recombinação entre eles produziu uma "dinastia" de vírus.
O fundador da "dinastia" foi
o letal H1N1 de 1918, segundo
estudo publicado on-line em 29
de junho na revista médica
"The New England Journal of
Medicine" por cientistas do
Instituto Nacional de Alergia e
Doenças Infecciosas dos EUA.
O vírus da gripe suína tem sido chamado por alguns pesquisadores de 2009 A (H1N1), e a
Organização Mundial de Saúde
agora o chama de H1N1/09. A
sopa de letras deriva da sua
classificação "taxonômica", isto é, da sua relação e semelhanças ou não com outros seres.
O vírus da gripe ou influenza
A é a única espécie de um dos
cinco gêneros da família Orthomyxoviridae (também existem o influenza B e o C). Seus
subtipos são classificados de
acordo com a variante de duas
proteínas da sua superfície que
permitem que ele entre nas células da vítima.
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