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Tolerância para excesso de peso em caminhão é prorrogada
Veículos podem circular com até 7,5% de sobrepeso por eixo
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) voltou a prorrogar, por mais seis meses, a tolerância para que os caminhões
possam trafegar pelas vias públicas brasileiras com até 7,5%
de excesso de peso por eixo.
Ao permitir a sobrecarga, a
medida favorece os riscos de
acidentes e de deterioração do
asfalto, dizem especialistas.
Essa tolerância foi estabelecida há dez anos, mais por razões políticas do que técnicas
-devido à greve nacional dos
caminhoneiros, que, na época,
protestavam contra as multas.
Uma resolução do Contran
previa que essa permissão acabaria em janeiro deste ano, voltando, inicialmente, ao nível
anterior -de até 5% de excesso.
Depois, a data foi postergada
para julho. Agora, para 2010.
"Não há como negar que é algo prejudicial ao pavimento",
admite Neuto Gonçalves dos
Reis, coordenador da NTC &
Logística (associação ligada ao
transporte de carga), embora
tenha defendido a medida.
"O pessoal ficou viciado na
tolerância. Não se pode ignorar
a realidade, que é a dificuldade
de se adaptar", diz Reis, para
quem muitas empresas incorporaram a margem ao limite de
peso oficial (que varia, mas, para os caminhões mais comuns,
é de dez toneladas por eixo).
"Vai contra a segurança viária", diz Rubem Penteado de
Melo, engenheiro que tem estudos relacionando a carga excessiva dos caminhões a tombamentos, à dificuldade para
frear e ao desgaste de peças.
O excesso de peso em cada eixo de um caminhão é um dos
principais vilões da má qualidade da malha rodoviária. Um
veículo pesado pode não provocar tantos danos ao asfalto se a
carga estiver bem distribuída,
mas pode ter impacto perverso
caso concentre tudo num eixo.
Estudos apontam para um
efeito exponencial: um sobrepeso de 7,5% por eixo é capaz
de reduzir em mais de um terço
a vida de um pavimento.
O presidente do Contran, Alfredo Peres da Silva, afirma que
tomou a decisão para que sejam
concluídos estudos, feitos com
equipes do Inmetro, sobre os
procedimentos de fiscalização
do peso dos caminhões.
O presidente do Sindicam-SP
(sindicato dos caminhoneiros
autônomos), Norival de Almeida Silva, diz que hoje é contra a
tolerância. "Quando carregamos a carga correta, sobra mais
trabalho para os outros e evita
desgaste no nosso caminhão."
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