São Paulo, terça-feira, 14 de julho de 2009

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Tolerância para excesso de peso em caminhão é prorrogada

Veículos podem circular com até 7,5% de sobrepeso por eixo

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) voltou a prorrogar, por mais seis meses, a tolerância para que os caminhões possam trafegar pelas vias públicas brasileiras com até 7,5% de excesso de peso por eixo.
Ao permitir a sobrecarga, a medida favorece os riscos de acidentes e de deterioração do asfalto, dizem especialistas.
Essa tolerância foi estabelecida há dez anos, mais por razões políticas do que técnicas -devido à greve nacional dos caminhoneiros, que, na época, protestavam contra as multas.
Uma resolução do Contran previa que essa permissão acabaria em janeiro deste ano, voltando, inicialmente, ao nível anterior -de até 5% de excesso. Depois, a data foi postergada para julho. Agora, para 2010.
"Não há como negar que é algo prejudicial ao pavimento", admite Neuto Gonçalves dos Reis, coordenador da NTC & Logística (associação ligada ao transporte de carga), embora tenha defendido a medida.
"O pessoal ficou viciado na tolerância. Não se pode ignorar a realidade, que é a dificuldade de se adaptar", diz Reis, para quem muitas empresas incorporaram a margem ao limite de peso oficial (que varia, mas, para os caminhões mais comuns, é de dez toneladas por eixo).
"Vai contra a segurança viária", diz Rubem Penteado de Melo, engenheiro que tem estudos relacionando a carga excessiva dos caminhões a tombamentos, à dificuldade para frear e ao desgaste de peças.
O excesso de peso em cada eixo de um caminhão é um dos principais vilões da má qualidade da malha rodoviária. Um veículo pesado pode não provocar tantos danos ao asfalto se a carga estiver bem distribuída, mas pode ter impacto perverso caso concentre tudo num eixo.
Estudos apontam para um efeito exponencial: um sobrepeso de 7,5% por eixo é capaz de reduzir em mais de um terço a vida de um pavimento.
O presidente do Contran, Alfredo Peres da Silva, afirma que tomou a decisão para que sejam concluídos estudos, feitos com equipes do Inmetro, sobre os procedimentos de fiscalização do peso dos caminhões.
O presidente do Sindicam-SP (sindicato dos caminhoneiros autônomos), Norival de Almeida Silva, diz que hoje é contra a tolerância. "Quando carregamos a carga correta, sobra mais trabalho para os outros e evita desgaste no nosso caminhão."


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