São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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VERDE REFEITO

Mudas tinham padrões diferentes e cresceram de forma desordenada; especialistas criticam escolha de espécie

Rebouças terá parte de canteiro replantada

DA REPORTAGEM LOCAL

Um trecho de aproximadamente 100 m do canteiro central da avenida Rebouças (entre a rua Oscar Freire e a alameda Gabriel Monteiro da Silva, zona oeste de São Paulo) será replantado porque as cerca de 1.200 mudas de Schefflera arboricola variegata -espécie utilizada comumente em decoração de interiores- dispostas no local não estavam no mesmo padrão e cresceram de forma desordenada.
O paisagismo integra a obra do corredor de ônibus da Rebouças.
"Estamos colocando novas mudas de um porte mais homogêneo porque as que estão lá não ficaram boas", diz o viveirista Jorge Sakai, que produziu as scheffleras para a Prefeitura de São Paulo, por R$ 8 cada (só a planta).
Ele afirma que o replantio nada tem a ver com críticas que ouviu no início da semana sobre a escolha da espécie para os canteiros.
Agrônomas ouvidas pela Folha têm restrições ao uso das scheffleras em espaços estreitos e sob incidência direta do sol -como é o caso das plantadas na Rebouças.
"As scheffleras são adaptadas ao sombreamento. Se expostas a sol direto, podem sofrer alterações como amarelecimento das folhas e redução no crescimento. Podem até não sobreviver", sustenta Maria de Fátima Scaf, do Instituto de Botânica.
"Ela pode ficar a sol aberto, mas fica mais bonita numa condição de meia-luz", diz, por sua vez, Ana Maria Liner Pereira Lima, professora de paisagismo do Departamento de Produção Vegetal da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP).
Lima afirma ainda que um outro senão da escolha é o fato de as scheffleras serem muito volumosas. Em canteiros estreitos, de menos de 3 m de largura, como é o caso dos da Rebouças, elas podem se expandir, e os galhos podem cair no meio da rua, atrapalhando até o trânsito. Isso se não forem podadas com regularidade.
Já a agrônoma Emília Seika Kai, do Ibrap (Instituto Brasileiro de Paisagismo), questiona a proximidade com que as mudas foram plantadas. "Elas vão crescer e uma pode sufocar e matar a outra."

Outro lado
Todas as críticas são rebatidas. "Quem diz que scheffleras não podem ficar ao sol não entende nada de plantas. Elas vêm da Ásia, são produzidas sob o sol, mas resistem bem à sombra, por isso foram adaptadas ao uso interno. Fora isso, toda planta precisa de manutenção e poda", diz Sakai.
Segundo a assessoria de imprensa da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), o engenheiro florestal Fabio de Lima Lagreca, um dos responsáveis pelo projeto, afirma que as mudas que estão sendo plantadas na Rebouças já vieram dos viveiros ambientadas ao sol direto, ou seja, cresceram nessas condições.
O uso da schefflera no canteiro central foi proposital porque ela forma uma barreira natural à travessia de pedestres fora das faixas de segurança. O crescimento vai ser controlado por manutenção que será feita pela iniciativa privada, diz a Emurb. Para tanto, a prefeitura está negociando parcerias.
Sobre o espaçamento das mudas, Sakai afirma que no futuro algumas delas terão mesmo de ser retiradas, mas a opção por plantar uma próxima à outra ocorreu em razão da necessidade de formar a barreira física aos pedestres.


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