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VERDE REFEITO
Mudas tinham padrões diferentes e cresceram de forma desordenada; especialistas criticam escolha de espécie
Rebouças terá parte de canteiro replantada
DA REPORTAGEM LOCAL
Um trecho de aproximadamente 100 m do canteiro central da
avenida Rebouças (entre a rua
Oscar Freire e a alameda Gabriel
Monteiro da Silva, zona oeste de
São Paulo) será replantado porque as cerca de 1.200 mudas de
Schefflera arboricola variegata
-espécie utilizada comumente
em decoração de interiores- dispostas no local não estavam no
mesmo padrão e cresceram de
forma desordenada.
O paisagismo integra a obra do
corredor de ônibus da Rebouças.
"Estamos colocando novas mudas de um porte mais homogêneo
porque as que estão lá não ficaram boas", diz o viveirista Jorge
Sakai, que produziu as scheffleras
para a Prefeitura de São Paulo,
por R$ 8 cada (só a planta).
Ele afirma que o replantio nada
tem a ver com críticas que ouviu
no início da semana sobre a escolha da espécie para os canteiros.
Agrônomas ouvidas pela Folha
têm restrições ao uso das scheffleras em espaços estreitos e sob incidência direta do sol -como é o
caso das plantadas na Rebouças.
"As scheffleras são adaptadas ao
sombreamento. Se expostas a sol
direto, podem sofrer alterações
como amarelecimento das folhas
e redução no crescimento. Podem
até não sobreviver", sustenta Maria de Fátima Scaf, do Instituto de
Botânica.
"Ela pode ficar a sol aberto, mas
fica mais bonita numa condição
de meia-luz", diz, por sua vez,
Ana Maria Liner Pereira Lima,
professora de paisagismo do Departamento de Produção Vegetal
da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP).
Lima afirma ainda que um outro senão da escolha é o fato de as
scheffleras serem muito volumosas. Em canteiros estreitos, de menos de 3 m de largura, como é o
caso dos da Rebouças, elas podem
se expandir, e os galhos podem
cair no meio da rua, atrapalhando
até o trânsito. Isso se não forem
podadas com regularidade.
Já a agrônoma Emília Seika Kai,
do Ibrap (Instituto Brasileiro de
Paisagismo), questiona a proximidade com que as mudas foram
plantadas. "Elas vão crescer e uma
pode sufocar e matar a outra."
Outro lado
Todas as críticas são rebatidas.
"Quem diz que scheffleras não
podem ficar ao sol não entende
nada de plantas. Elas vêm da Ásia,
são produzidas sob o sol, mas resistem bem à sombra, por isso foram adaptadas ao uso interno.
Fora isso, toda planta precisa de
manutenção e poda", diz Sakai.
Segundo a assessoria de imprensa da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), o engenheiro florestal Fabio de Lima Lagreca, um dos responsáveis pelo
projeto, afirma que as mudas que
estão sendo plantadas na Rebouças já vieram dos viveiros ambientadas ao sol direto, ou seja,
cresceram nessas condições.
O uso da schefflera no canteiro
central foi proposital porque ela
forma uma barreira natural à travessia de pedestres fora das faixas
de segurança. O crescimento vai
ser controlado por manutenção
que será feita pela iniciativa privada, diz a Emurb. Para tanto, a prefeitura está negociando parcerias.
Sobre o espaçamento das mudas, Sakai afirma que no futuro algumas delas terão mesmo de ser
retiradas, mas a opção por plantar
uma próxima à outra ocorreu em
razão da necessidade de formar a
barreira física aos pedestres.
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