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HISTÓRIA AMEAÇADA
Análise que vai apontar se há contaminação em terreno da Vila Leopoldina ainda não foi realizada
Área para memorial continua indefinida
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentro de cerca de um mês, no
dia 13 de setembro, termina o prazo que a Cetesb (Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental) deu à Prefeitura de São
Paulo para a apresentação de estudo sobre a qualidade do solo no
terreno onde funcionava a usina
de compostagem da Vila Leopoldina, na zona oeste. O local deve
abrigar um parque e o memorial
para onde seria transferido o
acervo de Orlando Villas Bôas.
O prazo dificilmente será cumprido: a prefeitura ainda nem decidiu que empresa fará a análise
-o estudo é vital para a transformação da área em parque, pois
mostrará se a área foi contaminada enquanto abrigava a usina.
De acordo com o secretário Andrea Matarazzo (Serviços), o processo de escolha deve ter início
em um ou dois meses. O estudo
deve custar cerca de R$ 70 mil.
A Cetesb pediu em janeiro que a
prefeitura realizasse o estudo, segundo Maria Lúcia de Andrade e
Silva Nardi, 49, gerente da agência
ambiental de Pinheiros. Desde
então, o prazo foi prorrogado.
Matarazzo disse que o assunto
foi um dos primeiros a serem
abordados quando assumiu a secretaria, em maio deste ano. Segundo ele, o termo de referência,
documento que define qual é exatamente o trabalho que a prefeitura irá contratar, já foi realizado.
Caso se prove que o solo está
contaminado, a secretaria de Serviços deverá recuperar o local e só
depois repassar a área, de cerca de
54 mil m2 à Secretaria do Verde e
do Meio Ambiente (SVMA), para
fazer do local um parque.
Para Gláucia Mendonça Prata,
do Movimento Popular da Vila
Leopoldina, os moradores temem
que a usina seja reativada.
O equipamento foi inaugurado
em 1974. Em 1992, devido ao mau
cheiro, os moradores da região
criaram a associação para exigir o
fechamento da usina. Em setembro último, a usina foi desativada.
Em junho, um parecer técnico
elaborado pela SVMA voltou a
deixar os moradores inquietos.
No documento, era dito que "as
ações propostas de uso futuro seriam a preservação das instalações ou parte delas, o retorno da
operação da usina para processar
uma quantidade menor de resíduos, ricos em matéria orgânica".
Tanto a SVMA como Matarazzo,
porém, reafirmaram que a prefeitura iria instalar ali um parque.
O nome do parque, Orlando Villas Bôas, foi escolhido, em assembléia de moradores, para homenagear o indigenista, que morava
na região. A proposta é que o local
abrigue, além do memorial com o
acervo de Villas Bôas, atividades
ligadas à cultura indígena.
A região da Lapa, que inclui a
Vila Leopoldina, também remete,
em suas origens, à relação entre
colonizadores e índios, diz José
Carlos de Barros Lima, pesquisador da história do lugar. A Lapa,
diz ele, cresceu em torno de um
forte construído para proteger a
cidade de ataques indígenas.
A reportagem entrou em contato com a Funai (Fundação Nacional do Índio) e o Iphan (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para falar sobre o
acervo de Villas Bôas, mas não
conseguiu falar com os representantes indicados pelas assessorias
desses órgãos. (AMARÍLIS LAGE)
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