São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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HISTÓRIA AMEAÇADA

Análise que vai apontar se há contaminação em terreno da Vila Leopoldina ainda não foi realizada

Área para memorial continua indefinida

DA REPORTAGEM LOCAL

Dentro de cerca de um mês, no dia 13 de setembro, termina o prazo que a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) deu à Prefeitura de São Paulo para a apresentação de estudo sobre a qualidade do solo no terreno onde funcionava a usina de compostagem da Vila Leopoldina, na zona oeste. O local deve abrigar um parque e o memorial para onde seria transferido o acervo de Orlando Villas Bôas.
O prazo dificilmente será cumprido: a prefeitura ainda nem decidiu que empresa fará a análise -o estudo é vital para a transformação da área em parque, pois mostrará se a área foi contaminada enquanto abrigava a usina.
De acordo com o secretário Andrea Matarazzo (Serviços), o processo de escolha deve ter início em um ou dois meses. O estudo deve custar cerca de R$ 70 mil.
A Cetesb pediu em janeiro que a prefeitura realizasse o estudo, segundo Maria Lúcia de Andrade e Silva Nardi, 49, gerente da agência ambiental de Pinheiros. Desde então, o prazo foi prorrogado.
Matarazzo disse que o assunto foi um dos primeiros a serem abordados quando assumiu a secretaria, em maio deste ano. Segundo ele, o termo de referência, documento que define qual é exatamente o trabalho que a prefeitura irá contratar, já foi realizado.
Caso se prove que o solo está contaminado, a secretaria de Serviços deverá recuperar o local e só depois repassar a área, de cerca de 54 mil m2 à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), para fazer do local um parque.
Para Gláucia Mendonça Prata, do Movimento Popular da Vila Leopoldina, os moradores temem que a usina seja reativada.
O equipamento foi inaugurado em 1974. Em 1992, devido ao mau cheiro, os moradores da região criaram a associação para exigir o fechamento da usina. Em setembro último, a usina foi desativada.
Em junho, um parecer técnico elaborado pela SVMA voltou a deixar os moradores inquietos. No documento, era dito que "as ações propostas de uso futuro seriam a preservação das instalações ou parte delas, o retorno da operação da usina para processar uma quantidade menor de resíduos, ricos em matéria orgânica". Tanto a SVMA como Matarazzo, porém, reafirmaram que a prefeitura iria instalar ali um parque.
O nome do parque, Orlando Villas Bôas, foi escolhido, em assembléia de moradores, para homenagear o indigenista, que morava na região. A proposta é que o local abrigue, além do memorial com o acervo de Villas Bôas, atividades ligadas à cultura indígena.
A região da Lapa, que inclui a Vila Leopoldina, também remete, em suas origens, à relação entre colonizadores e índios, diz José Carlos de Barros Lima, pesquisador da história do lugar. A Lapa, diz ele, cresceu em torno de um forte construído para proteger a cidade de ataques indígenas.
A reportagem entrou em contato com a Funai (Fundação Nacional do Índio) e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para falar sobre o acervo de Villas Bôas, mas não conseguiu falar com os representantes indicados pelas assessorias desses órgãos. (AMARÍLIS LAGE)

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