São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 2006

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Fundador do PCC é assassinado na prisão

César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, estava jurado de morte pelo grupo e tinha criado uma outra facção, o TCC

Após a morte, diretores de presídios do oeste paulista iniciaram uma "triagem" para evitar conflito entre as facções PCC e o TCC


ANDRÉ CARAMANTE
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

CRISTIANO MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA

O presidiário César Augusto Roriz da Silva, 39, o Cesinha, um dos fundadores do PCC e inimigo de Marco Herbas Camacho, o Marcola, foi morto na manhã de ontem.
Cesinha cumpria pena de 144 anos, seis meses e seis dias por sete roubos e sete homicídios. Soropositivo, ele estava na penitenciária de Avaré (262 km de São Paulo) e foi assassinado às 10h30 por estocadas de uma lança feita de madeira.
O autor do crime, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), foi Paulo Henrique Bispo da Silva. Ele confessou o assassinato, mas a polícia crê que ele seja um "lagarto" (preso obrigado a assumir a morte de alguém).
Cesinha fundou o PCC em 1993, ao lado de sete criminosos, no anexo da Casa de Custódia de Taubaté. O objetivo era "combater a opressão dentro do sistema carcerário". No fim de 2002, no entanto, a liderança dele e de José Márcio Felício, o Geleião, foi considerada "radical" por Marcola, que já vinha ganhando poder dentro da facção. Cesinha e Geleião foram destituídos e Marcola, segundo a polícia e a Promotoria, virou o líder do PCC.
Acusados de terem feito delações à polícia, Cesinha e Geleião foram jurados de morte pelo PCC. Os dois, imediatamente, fundaram o TCC (Terceiro Comando da Capital).
Cesinha cumpria pena na penitenciária 1 de Sorocaba e foi transferido para a prisão de Avaré em 7 de julho. Avaré é dominada pelo PCC.
No começo deste ano, presos de Sorocaba foram mortos por causa de uma guerra entre o PCC e o TCC. Homens do PCC tentaram matar Cesinha.
O secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, foi procurado ontem para explicar porque Cesinha, mesmo considerado inimigo do PCC, foi transferido para unidade onde há domínio da facção. Ele não respondeu.

Novas medidas
Após o assassinato de Cesinha, diretores de presídios do oeste paulista foram orientados pela SAP a iniciar "triagens" em unidades.
O objetivo é separar ou limitar ao máximo o contato de integrantes das facções. A SAP prevê uma reação do TCC para vingar a morte de seu líder.
"O crime organizado perdeu um dos homens mais temidos dentro do sistema. Ele, diferentemente do Marcola, além de mandar fazer, matava", disse um diretor de presídio que não quis se identificar.


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