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Acusados de fraude na saúde "somem" de investigação
Empresas tidas como "peças-chave" do esquema de corrupção não estão em inquéritos
Esquema que desviou cerca de R$ 100 milhões foi denunciado sem citar Halex Istar e Embramed Indústria
de Produtos Hospitalares
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase um ano após terem sido apontadas pela Polícia Civil
de São Paulo e pelo Ministério
Público como suspeitas de encabeçar um esquema de fraude
em licitações na saúde, não há
nenhuma investigação policial
ou processo em andamento
atualmente contra duas empresas do setor hospitalar.
Durante meses, as investigações trataram as empresas Halex Istar Farmacêutica e Embramed Indústria de Produtos
Hospitalares -além de seus
donos- como "peças-chave"
no esquema, mas quando a denúncia foi feita à Justiça elas
não foram citadas no processo.
Nos documentos da chamada Operação Parasitas, o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro informou à Justiça, em dezembro de 2008, que
as duas empresas seriam investigadas à parte pelo delegado
Luís Augusto Castilho Storni,
em dois inquéritos policiais.
Certidões obtidas pela Folha
na Justiça, no entanto, demonstram que isso não ocorreu -dois inquéritos foram
abertos, mas em nenhum há os
nomes das empresas.
Na denúncia feita à Justiça
em dezembro de 2008, 13 pessoas e seis pequenas empresas
viraram rés em processo. Nenhuma era a Halex ou a Embramed. Elas foram citadas em
duas notas de rodapé -com a
informação de que seriam investigadas à parte.
Investigação
A Operação Parasitas, que
durou de setembro de 2007 a
novembro de 2008, investigou
um esquema de corrupção que
desviou cerca de R$ 100 milhões entre 2004 e 2008, segundo o governo estadual.
A investigação foi feita pela
Polícia Civil, pelo Ministério
Público Estadual e pela Casa
Civil do governo paulista. Segundo a apuração, Halex Istar
Farmacêutica e a Embramed
Indústria de Produtos Hospitalares repassavam seus produtos
para firmas menores, que participavam das licitações fraudadas. Em alguns casos, as duas
cometiam, segundo as autoridades, as fraudes diretamente.
Concorrência
Com base na investigação da
polícia, o juiz Vinicius de Toledo Piza Peluso, do Tribunal de
Justiça de SP, escreveu, no fim
de outubro de 2008, que a Halex manipulou uma concorrência no Hospital Pérola Byington. A empresa é acusada de
vender soro com valor 308%
mais alto do que a menor oferta
-R$ 1,22 a unidade contra R$
4,99, em agosto de 2007.
Escuta telefônica demonstra
que um dos sócios da Halex, Zanone Alves de Carvalho, tinha
informações privilegiadas sobre as concorrências.
"Destas [empresas], a Embramed apresenta evidência de
atuação preponderante [chave
no esquema], sendo sua atuação em conjunto com a Halex
Istar, Venkuri e Smiths Medical", escreveu o delegado Storni
em um de seus relatórios, com
data de 7 de outubro do ano
passado.
Em vez de citar a Halex e a
Embramed nos dois novos inquéritos abertos para investigá-las -como o promotor Carneiro informou à Justiça que
aconteceria-, o delegado apenas repetiu os nomes das pessoas e empresas que já constavam no inquérito policial que
deu origem à operação.
A Halex pertence a Heno Jacomo Perillo, primo de Marconi Perillo (PSDB-GO), vice-presidente do Senado e governador de Goiás duas vezes. O
nome do político aparece anotado à mão, ao lado do de Heno,
na ficha de formação societária
da empresa que integra a documentação da operação.
A Embramed Indústria e Comércio de Produtos Hospitalares tem entre seus sócios o médico infectologista Rudolf Uri
Hutzler, do conselho deliberativo do Hospital Albert Einstein, e seus familiares.
Ouça as gravações
www.folha.com.br/0922516
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