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VIOLÊNCIA
Promotor entra com ação contra o governo de SP, Prefeitura de Ribeirão e Febem por causa de assassinatos
Polícia persegue jovens, revela pesquisa
LUÍS EBLAK
Editor-assistente da Folha Ribeirão
ALESSANDRO SILVA
da Folha Ribeirão
Uma ação do Ministério Público
e um relatório do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações
Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente),
em parceria com o Departamento
de Psicologia e Educação da USP
(Universidade de São Paulo), revelam a existência de perseguição
e violência policial contra jovens e
menores de idade de Ribeirão
Preto (a 319 km de São Paulo).
A pesquisa mostra que as Polícias Civil e Militar de Ribeirão
praticaram invasão de domicílio,
espancamento e ameaça de morte
contra adolescentes de 11 a 19
anos entre 1995 e 98.
O delegado Ivan Roberto Mendes Costa e o subcomandante da
PM em Ribeirão, Dario Lázaro da
Silva, negam o uso da violência.
O promotor da Infância e da Juventude Marcelo Pedroso Goulart
entrou ontem com uma ação civil
pública contra o governo do Estado de SP (incluindo a PM e a Polícia Civil), a Prefeitura de Ribeirão
e a Febem (Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor) da cidade
por causa de 107 homicídios de
jovens ocorridos entre 95 e 98.
Dos 107 jovens assassinados,
78,22% moravam em bairros em
que predomina a população de
baixa renda da cidade.
"Uma parcela da polícia descumpre a Constituição e o ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente). Invade casas sem mandado judicial e apreende menores
em casos que não acusam flagrante", afirmou Goulart.
O promotor ouviu 83 famílias
dos 107 jovens assassinados. Entre os depoimentos, 27 (32,5%)
apontaram algum tipo de violência policial contra os adolescentes
e contra os parentes.
Segundo o estudo, a Febem não
consegue recuperar os adolescentes. "O adolescente não tem educação adequada na Febem nem
tratamento a viciados de drogas.
Com isso, o jovem sai da instituição direto para o mundo do crime", diz Sérgio Kodato, psicólogo
e professor da USP de Ribeirão.
Outro lado
O delegado-geral de polícia do
Estado de SP, Marco Antonio
Desgualdo, 49, disse que irá
acompanhar o desenvolvimento
das investigações sobre a denúncia de envolvimento de policiais
civis na morte de adolescentes em
Ribeirão. "Nós não compactuamos com o desmando dos policiais e temos um trabalho rígido
de fiscalização", disse.
O subcomandante da PM em
Ribeirão, o major Dario Lázaro da
Silva, disse que os policiais envolvidos com abusos são punidos.
Para o presidente da Febem,
Eduardo Roberto Domingos da
Silva, a entidade não pode ser culpada. ""É simplificar a questão."
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