São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PLANO DIRETOR

Segundo a prefeita, ela teria aprovado "muita coisa", mas reações negativas às emendas influenciaram decisão

Subprefeitura definirá mudança, diz Marta

DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) afirmou, em rápida entrevista, ontem, na frente do Palácio das Indústrias, que os vetos feitos ao Plano Diretor foram motivados pela reação negativa às emendas que mexiam pontualmente no zoneamento da cidade.
"Foram motivados pela polêmica mas também por achar que [o plano" ficou meio fragmentado, porque alguns pontos mereciam ser referendados em outro lugar. Muita coisa ali, dos [pontos" polêmicos, eu teria aprovado. Como o plano não é lugar de emenda de zoneamento, vamos discutir isso nas subprefeituras", disse.
O Plano Diretor prevê a criação de outros planos, de alcance regional, a serem elaborados nas 31 subprefeituras da cidade.
Na justificativa aos vetos, a pressão de entidades e moradores de bairros afetados também é mencionada. "É imperioso observar que o texto aprovado veio contemplar outras modificações atinentes a essa matéria, que restaram por suscitar intenso debate por parte de diversos segmentos da sociedade", diz o texto.
Uma das emendas que Marta pretendia sancionar é a que transformava a rua Canadá (zona oeste) de estritamente residencial para corredor de comércio e serviços. "A rua já é um corredor, mas achei por bem, para evitar maiores polêmicas. Por isso, vetei todos os pontos de uso do solo."
Marta, porém, resolveu vetar não apenas essas emendas, como também outras que tratavam de assuntos dos quais havia consenso. Exemplo é o artigo que transformava bairros classificados como zonas mistas em residenciais, como o Jardim da Saúde (zona sul) -apoiado por moradores.
Parte desses novos bairros residenciais foi proposto pela própria prefeitura. O restante foi sugerido pelo movimento Defenda São Paulo, que reúne cerca de cem associações de bairro da cidade, citado por Marta como um exemplo de que não apenas vereadores sugeriram emendas sobre o tema.

Ministério Público
A pressão para o veto às mudanças de zoneamento também foi provocada pelo fato de os envolvidos na aprovação do Plano Diretor se recusarem a identificar os autores da maioria das emendas que alteravam o zoneamento.
O caso foi parar no Ministério Público, que vai manter as investigações mesmo após os vetos. "Vamos aguardar a decisão da Câmara. Os vetos demonstram o bom senso da prefeita", disse o promotor Mário Malaquias.
O ex-líder do governo José Mentor (PT) e o presidente da comissão de Política Urbana da Câmara, José Olímpio (PMDB), devem ser ouvidos na segunda-feira.
Segundo o relator do substitutivo ao Plano Diretor, vereador Nabil Bonduki (PT), Mentor foi quem entregou as emendas sem autoria para serem incluídas ao documento, poucos antes de ser votado. As mudanças, segundo Bonduki, eram necessárias para aprovar o projeto na Câmara.
Ontem, Mentor não concedeu entrevistas, mas divulgou uma nota na qual afirma ter participado das reuniões com a prefeita que deram sustentação aos vetos.


Texto Anterior: Plano Diretor: Pressionada, Marta veta emendas polêmicas
Próximo Texto: O racha no PT
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.