São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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FEBEM

Ordem para prender 14 funcionários foi dada em 23 de agosto, mas mandados de prisão ainda não chegaram à polícia

Acusados de tortura continuam foragidos

DO "AGORA"

Apesar de a Justiça ter decretado há 21 dias a prisão preventiva de 14 funcionários da Febem acusados de tortura, nenhum dos mandados de prisão chegou até agora às mãos da polícia. Os acusados estão desaparecidos.
Os mandados foram decretados no último dia 23 de agosto pela juíza Leyla Maria da Silva Lacaz, da 18ª Vara Criminal, após recebimento de denúncia apresentada pelo promotor Alfonso Presti.
Segundo a denúncia, 14 funcionários da extinta unidade da Febem de Parelheiros (zona sul) são acusados de tortura, formação de quadrilha e tráfico de drogas.
A prisão por crime de tortura é inédita na história da Febem.
Tais crimes teriam ocorrido entre março e abril deste ano naquela unidade, que foi desativada em julho. No dia 15 de março, ainda segundo a denúncia, 14 adolescentes foram espancados e, em 14 de abril, outros cinco menores foram vítimas de agressão.
Presti afirmou que a descoberta de "objetos de tortura" -cassetetes de metal, barras de madeira e uma chave inglesa- em uma sala da unidade, em 29 de abril passado, possibilitou a comprovação dos crimes de tortura e de formação de quadrilha.
Da 18ª Vara Criminal, os mandados foram enviados ao Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais). De lá, teriam de ser repassados à Divisão de Capturas da Polícia Civil. Até hoje, no entanto, eles não chegaram à divisão.
"Se dependesse de receber esses mandados, até agora ainda não teríamos feito nada a respeito desse caso", afirmou o delegado da Divisão de Capturas José Carlos Gambarini.
Segundo o delegado, por conta da demora da chegada dos pedidos de prisão, ele teve de levantar as informações a respeito dos acusados no Fórum Criminal e descobriu que todos os 14 funcionários estão foragidos.
O delegado ressalta, também, que os pedidos de prisão ainda não constam no sistema de computadores da polícia. "Se algum dos acusados for encontrado na rua por um policial que não for da nossa equipe, não será preso porque, segundo o sistema, ele ainda não é procurado", afirmou o delegado Gambarini.

Burocracia
Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, os mandados de prisão contra os funcionários da Febem devem estar parados devido à "burocracia". Tais mandados, informou a Divisão de Capturas, levam de oito a dez dias para chegar à divisão após saírem do Dipo.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, é desconhecida a causa desse atraso, mas o órgão vai procurar pelos pedidos de prisão.


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