São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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PASSAGENS PAULISTANAS

Com medo de andar em passagem improvisada de acesso a ponto de ônibus, Ângela Maria tentou atravessar avenida e foi atingida

Freira evita escada de madeira e é atropelada

DA REPORTAGEM LOCAL

Com medo de subir uma escada improvisada com canos de ferro e tábuas de madeira que dá acesso ao primeiro ponto do Passa-Rápido da avenida Rebouças a partir da passarela do Hospital das Clínicas, a freira Ângela Maria, 73, resolveu se arriscar.
Ao presenciar a cena, uma fiscal da SPTrans ainda tentou ajudar, fazendo parar o trânsito, mas não adiantou: assim que ela passou a pista exclusiva para ônibus, veio o barulho da freada. Foi atropelada e machucou o pé esquerdo.
A escada foi construída para dar acesso à passarela do Hospital das Clínicas, que leva às calçadas dos dois lados da Rebouças.
Antes de ser socorrida por uma equipe da empresa de transporte coletivo, Ângela Maria contou que ficara com medo de enfrentar a estrutura improvisada, por onde subiam e desciam os passageiros. Parecia-lhe pouco segura.
"Não sei como ele não me pegou inteira. Não queria subir de escada e a moça da SPTrans disse que me acompanharia até a calçada", explicou a freira. SPtrans é o órgão municipal que gerencia o transporte público na cidade.
Detalhe: a escadaria de acesso ao ponto de ônibus tem, ao lado, um elevador como os de construção, com capacidade para oito pessoas. Protegido por grades vazadas, o elevador, operado por um rapaz, funciona aos trancos. "A mulherada grita toda hora", diverte-se o ascensorista.
O elevador transporta idosos, deficientes físicos e doentes que precisam ir do ponto ao hospital e vice-versa. "Não entro nisso nem morta", comentou uma enfermeira ao passar ao lado da fila de espera do equipamento.
Segundo levantamento feito pela SPTrans, passam 600 pessoas por hora no ponto de Passa-Rápido do Hospital das Clínicas. Mas o único acesso a ele (via escada ou elevador) tem sido um pesadelo para muita gente.
"A escada balança. E o elevador dá até um suadouro na gente de tanto medo", conta a auxiliar do Incor (Instituto do Coração), Andréa dos Santos, 41.
"Essa escada vai ser um prato cheio para o pessoal escorregar e cair. E essa gaiola então?", diz Rita Ueno, 49, batizando o novo elevador. "Essa gaiola vai sempre cheia de gente. É um crime, uma indecência. Aqui tem hospital, gente doente, cega, machucada."
Edith Moura Silveira, 83, não viu o elevador e demorou 15 minutos para subir a escada, degrau por degrau, com todo o cuidado, agarrada aos corrimões. "A escada é horrível. Balança demais."
Ao redor da escada e do elevador, existem faixas que avisam ser provisório o acesso ao ponto de parada dos ônibus.
Segundo a assessoria da Secretaria Municipal de Transportes, o elevador definitivo deve estar pronto em 30 dias. E a escada provisória será substituída por escadas rolantes em até 60 dias.

Ônibus intermunicipal
O novo Passa-Rápido também trouxe transtorno para quem costumava usar 79 linhas intermunicipais que passavam pela avenida Professor Francisco Morato.
As linhas intermunicipais foram deslocadas para a avenida Eliseu de Almeida, que sofreu os efeitos do reforço do tráfego. A mudança atingiu cerca de 550 ônibus, que transportam diariamente 160 mil passageiros.
"Meu marido levou uma hora e 15 minutos para andar quatro quilômetros na Eliseu de Almeida", contou a analista de sistemas Raquel Massari, 29.
A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), vinculada ao governo do Estado, admitiu que a transferência das linhas causou problemas na Eliseu de Almeida. Segundo a assessoria da empresa, os intermunicipais rodaram sem problemas no horário de pico dos ônibus, entre 4h30 e 8h, mas passaram a enfrentar atrasos depois disso, devido ao fluxo de carros e caminhões.
A assessoria da EMTU disse que pretende solicitar à CET que faça "ajustes" para evitar novos atrasos das linhas alteradas.


Colaborou o "Agora"

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