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PASSAGENS PAULISTANAS
Com medo de andar em passagem improvisada de acesso a ponto de ônibus, Ângela Maria tentou atravessar avenida e foi atingida
Freira evita escada de madeira e é atropelada
DA REPORTAGEM LOCAL
Com medo de subir uma escada
improvisada com canos de ferro e
tábuas de madeira que dá acesso
ao primeiro ponto do Passa-Rápido da avenida Rebouças a partir
da passarela do Hospital das Clínicas, a freira Ângela Maria, 73,
resolveu se arriscar.
Ao presenciar a cena, uma fiscal
da SPTrans ainda tentou ajudar,
fazendo parar o trânsito, mas não
adiantou: assim que ela passou a
pista exclusiva para ônibus, veio o
barulho da freada. Foi atropelada
e machucou o pé esquerdo.
A escada foi construída para dar
acesso à passarela do Hospital das
Clínicas, que leva às calçadas dos
dois lados da Rebouças.
Antes de ser socorrida por uma
equipe da empresa de transporte
coletivo, Ângela Maria contou
que ficara com medo de enfrentar
a estrutura improvisada, por onde subiam e desciam os passageiros. Parecia-lhe pouco segura.
"Não sei como ele não me pegou inteira. Não queria subir de
escada e a moça da SPTrans disse
que me acompanharia até a calçada", explicou a freira. SPtrans é o
órgão municipal que gerencia o
transporte público na cidade.
Detalhe: a escadaria de acesso
ao ponto de ônibus tem, ao lado,
um elevador como os de construção, com capacidade para oito
pessoas. Protegido por grades vazadas, o elevador, operado por
um rapaz, funciona aos trancos.
"A mulherada grita toda hora",
diverte-se o ascensorista.
O elevador transporta idosos,
deficientes físicos e doentes que
precisam ir do ponto ao hospital e
vice-versa. "Não entro nisso nem
morta", comentou uma enfermeira ao passar ao lado da fila de
espera do equipamento.
Segundo levantamento feito pela SPTrans, passam 600 pessoas
por hora no ponto de Passa-Rápido do Hospital das Clínicas. Mas o
único acesso a ele (via escada ou
elevador) tem sido um pesadelo
para muita gente.
"A escada balança. E o elevador
dá até um suadouro na gente de
tanto medo", conta a auxiliar do
Incor (Instituto do Coração), Andréa dos Santos, 41.
"Essa escada vai ser um prato
cheio para o pessoal escorregar e
cair. E essa gaiola então?", diz Rita
Ueno, 49, batizando o novo elevador. "Essa gaiola vai sempre cheia
de gente. É um crime, uma indecência. Aqui tem hospital, gente
doente, cega, machucada."
Edith Moura Silveira, 83, não
viu o elevador e demorou 15 minutos para subir a escada, degrau
por degrau, com todo o cuidado,
agarrada aos corrimões. "A escada é horrível. Balança demais."
Ao redor da escada e do elevador, existem faixas que avisam ser
provisório o acesso ao ponto de
parada dos ônibus.
Segundo a assessoria da Secretaria Municipal de Transportes, o
elevador definitivo deve estar
pronto em 30 dias. E a escada provisória será substituída por escadas rolantes em até 60 dias.
Ônibus intermunicipal
O novo Passa-Rápido também
trouxe transtorno para quem costumava usar 79 linhas intermunicipais que passavam pela avenida
Professor Francisco Morato.
As linhas intermunicipais foram deslocadas para a avenida
Eliseu de Almeida, que sofreu os
efeitos do reforço do tráfego. A
mudança atingiu cerca de 550
ônibus, que transportam diariamente 160 mil passageiros.
"Meu marido levou uma hora e
15 minutos para andar quatro
quilômetros na Eliseu de Almeida", contou a analista de sistemas
Raquel Massari, 29.
A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos),
vinculada ao governo do Estado,
admitiu que a transferência das linhas causou problemas na Eliseu
de Almeida. Segundo a assessoria
da empresa, os intermunicipais
rodaram sem problemas no horário de pico dos ônibus, entre 4h30
e 8h, mas passaram a enfrentar
atrasos depois disso, devido ao
fluxo de carros e caminhões.
A assessoria da EMTU disse que
pretende solicitar à CET que faça
"ajustes" para evitar novos atrasos das linhas alteradas.
Colaborou o "Agora"
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