São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Cinco das dez unidades do programa Farmácia Dose Certa, do governo estadual, estão dentro de estações do metrô

Usuário paga bilhete para ganhar remédio

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Usuários fazem fila para retirar medicamentos na Farmácia Dose Certa instalada na estação Clínicas (zona oeste de São Paulo)


DA REPORTAGEM LOCAL

Em cinco das dez unidades do programa Farmácia Dose Certa, inauguradas ontem em São Paulo pelo governo estadual, os usuários têm de comprar uma passagem do metrô (R$ 1,90, mas temporariamente vendidas a R$ 1,80) para ter acesso à distribuição gratuita de medicamentos -isso porque as farmácias ficam dentro das estações do metrô.
Esse é o caso das unidades Sé, Ana Rosa, Itaquera, Brás e Barra Funda. As demais (Clínicas, Saúde, Santana, Tucuruvi e Carrão) estão do lado de fora da catraca.
A decisão foi criticada ontem por usuários. "Isso causa muito transtorno. Eu estava sem o dinheiro da passagem e tive de esperar das 14h às 16h para conseguir entrar. Chamei o responsável pela segurança, aí ele chamou uma funcionária da farmácia que teve de ir lá na catraca ver a minha receita. Foi a maior confusão", disse a psicóloga Marilisa Sant'anna Henriquez, 58, que foi ontem à unidade da estação Sé.
Outro aspecto que confundiu os usuários foram as exigências feitas pelo programa para a entrega da medicação. Para receber os remédios o paciente deve apresentar uma receita médica com três requisitos: ser emitida por um posto de saúde ou hospital da rede pública, conter o nome do princípio ativo do medicamento, não a denominação comercial, e estar dentro da validade.
Essas três exigências prejudicaram a aposentada Terezinha Santos Nascimento, 68, que foi ontem à unidade da estação Ana Rosa em busca de um medicamento para tratar a infecção bacteriana que tem no estômago. A receita foi emitida pelo médico de um convênio, indicava um remédio que o projeto estatal não distribui e era do início de agosto. "Ainda não comecei a me tratar porque não tenho dinheiro suficiente."
Já a faxineira Izabel Maria de Matos, 65, conseguiu parte dos medicamentos que procurava. Ela voltou para casa com digoxina e furosemida, mas sem o captopril -todos remédios cardiovasculares. "Fui antes em um posto de saúde, onde não encontrei nenhum. Aqui só faltou um."
Para o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, José Erivalder Guimarães de Oliveira, em vez de distribuir remédios nas estações do metrô, o governo estadual deveria reforçar os estoques de medicamentos básicos nos postos de saúde.
As unidades funcionam de segunda a sexta, das 8h às 17h. Entre os remédios distribuídos estão analgésicos, antitérmicos e antibióticos. Veja a relação completa em www.folha.com.br/042541.


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Outro lado: Secretaria diz que prioridade é passageiro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.