São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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ENSINO SUPERIOR

Projeto de lei ainda não foi votado na Câmara, mas União alega pressa para poder iniciar aplicação em 2005

Governo cria programa de bolsas por MP

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal editou uma medida provisória para implantar o Prouni (Programa Universidade para Todos), antes mesmo de a Câmara votar o projeto de lei que tramita na Casa desde maio. Pelo programa, instituições privadas de ensino irão fornecer bolsas de estudo a alunos carentes.
O argumento apresentado pelo governo foi o de que seria impossível aplicar o programa em 2005 se ele não começasse a vigorar agora, o que aconteceu ontem com a publicação da MP no "Diário Oficial" da União.
Há duas semanas, no dia em que o projeto estava previsto na pauta dos deputados -foi retirado depois-, o Ministério da Educação assinou um termo de cooperação com 37 instituições para aplicar a proposta no próximo vestibular. A adesão antecipada causou mal-estar na oposição.
O Prouni prevê que as filantrópicas ficam obrigadas a destinar ao menos uma bolsa integral a cada nove alunos pagantes. Essas entidades têm isenção fiscal prevista na Constituição. No caso das instituições com fins lucrativos, quem aderir terá a isenção de quatro tributos federais.
O texto publicado ontem traz modificações em relação ao enviado ao Congresso pelo governo, como a possibilidade de oferecer meia bolsa e de atender alunos que fizeram ensino médio em escolas privadas com bolsa integral.
Algumas alterações estavam previstas no substitutivo do deputado Irineu Colombo (PT-PR), relator do projeto na comissão especial da Câmara.
Antes de publicar a MP, o governo consultou Colombo e o presidente da comissão, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA).
Em abril, o Palácio do Planalto desistiu da proposta do MEC de implantar o Prouni por MP para "prestigiar os parlamentares". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a cancelar a solenidade que ocorreria no Planalto para a assinatura da medida provisória.
"Se não fosse editada a MP agora, seria impossível aplicar o programa em 2005", afirmou o secretário-executivo do Ministério da Educação, Fernando Haddad, que ontem estava como ministro em exercício. Tarso Genro, o titular da pasta, estava na Itália.
O governo espera atender entre 250 mil e 300 mil alunos nos próximos quatro anos com o Prouni. Para 2005, são pelo menos 20 mil vagas, segundo o MEC.
As bolsas são destinadas ao aluno que tenha cursado o ensino médio completo na escola pública ou em particular com bolsa integral. Serão atendidos ainda portadores de necessidades especiais e professores em cursos de licenciatura e pedagogia da rede pública.
No caso dos outros alunos, eles deverão ter renda familiar de um salário mínimo e meio para receber bolsa integral e de até três mínimos para as parciais (50%).
A primeira seleção será feita com base no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, então, em critérios de cada entidade.


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