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ENSINO SUPERIOR
Projeto de lei ainda não foi votado na Câmara, mas União alega pressa para poder iniciar aplicação em 2005
Governo cria programa de bolsas por MP
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal editou uma
medida provisória para implantar
o Prouni (Programa Universidade para Todos), antes mesmo de a
Câmara votar o projeto de lei que
tramita na Casa desde maio. Pelo
programa, instituições privadas
de ensino irão fornecer bolsas de
estudo a alunos carentes.
O argumento apresentado pelo
governo foi o de que seria impossível aplicar o programa em 2005
se ele não começasse a vigorar
agora, o que aconteceu ontem
com a publicação da MP no "Diário Oficial" da União.
Há duas semanas, no dia em
que o projeto estava previsto na
pauta dos deputados -foi retirado depois-, o Ministério da Educação assinou um termo de cooperação com 37 instituições para
aplicar a proposta no próximo
vestibular. A adesão antecipada
causou mal-estar na oposição.
O Prouni prevê que as filantrópicas ficam obrigadas a destinar
ao menos uma bolsa integral a cada nove alunos pagantes. Essas
entidades têm isenção fiscal prevista na Constituição. No caso das
instituições com fins lucrativos,
quem aderir terá a isenção de
quatro tributos federais.
O texto publicado ontem traz
modificações em relação ao enviado ao Congresso pelo governo,
como a possibilidade de oferecer
meia bolsa e de atender alunos
que fizeram ensino médio em escolas privadas com bolsa integral.
Algumas alterações estavam
previstas no substitutivo do deputado Irineu Colombo (PT-PR), relator do projeto na comissão especial da Câmara.
Antes de publicar a MP, o governo consultou Colombo e o
presidente da comissão, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA).
Em abril, o Palácio do Planalto
desistiu da proposta do MEC de
implantar o Prouni por MP para
"prestigiar os parlamentares". O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a cancelar a solenidade
que ocorreria no Planalto para a
assinatura da medida provisória.
"Se não fosse editada a MP agora, seria impossível aplicar o programa em 2005", afirmou o secretário-executivo do Ministério da
Educação, Fernando Haddad,
que ontem estava como ministro
em exercício. Tarso Genro, o titular da pasta, estava na Itália.
O governo espera atender entre
250 mil e 300 mil alunos nos próximos quatro anos com o Prouni.
Para 2005, são pelo menos 20 mil
vagas, segundo o MEC.
As bolsas são destinadas ao aluno que tenha cursado o ensino
médio completo na escola pública
ou em particular com bolsa integral. Serão atendidos ainda portadores de necessidades especiais e
professores em cursos de licenciatura e pedagogia da rede pública.
No caso dos outros alunos, eles
deverão ter renda familiar de um
salário mínimo e meio para receber bolsa integral e de até três mínimos para as parciais (50%).
A primeira seleção será feita
com base no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, então,
em critérios de cada entidade.
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