São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Congonhas passará a ter áreas de escape

Pista principal do aeroporto passa de 1.940 metros para 1.640 metros e a auxiliar de 1.435 metros para 1.195 metros

Com a mudança, que passa a vigorar a partir de amanhã, pista auxiliar não poderá mais operar com aviões de grande porte

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Defesa anunciou ontem que as pistas principal e a auxiliar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, serão reduzidas em 300 e 240 metros, respectivamente, para a criação de áreas de escape. A mudança entra em vigor amanhã e restringe os tipos e pesos dos aviões que poderão pousar no local -afetando diretamente os principais modelos usados no aeroporto, como os Airbus e os Boeing.
A pista auxiliar passará de 1.435 metros para 1.195 metros e será de uso exclusivo de pequenas aeronaves -aviões de grande porte ficam proibidos. Na pista principal, as empresas terão de obedecer novos limites de peso para pousar com segurança. Terão de reduzir carga, combustível ou número de passageiros transportados.
Em dias de chuva, o aeroporto ficará fechado para os aviões comerciais de grande porte. Isto porque a pista principal, a única em que terão autorização para operar, não pode funcionar quando está molhada até que seja liberada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A medida não tem data prevista para acontecer.

Aviso
Segundo o ministro Nelson Jobim, as empresas foram avisadas sobre a mudança e "não houve protesto". O Snea (Sindicato Nacional de Empresas Aéreas) disse não ter sido consultado. A TAM e a Gol, as duas maiores empresas do setor, contudo, informaram que iriam acatar as limitações. Segundo a TAM, as alterações afetam "pouco" a sua operação. "De acordo com estimativas preliminares, apenas 2% dos vôos operados pela TAM em Congonhas poderão ser afetados com a nova configuração das pistas", diz nota da empresa divulgada ontem. A Gol não quis dar maiores informações. "Nós não ajustamos os aeroportos às empresas. Nós ajustamos as empresas ao aeroporto", disse Jobim ontem.
Ele vinculou a medida à preocupação de aumentar a segurança e não citou o acidente do vôo 3054 da TAM de 17 de julho, quando um Airbus A-320 ultrapassou a pista e colidiu com um prédio, deixando 199 mortos. O acidente levantou a discussão sobre a necessidade de uma área de escape. As áreas de escape não implicam nenhuma modificação física nas pistas por enquanto. Serão feitos ajustes nos ILS (sistema de pouso por instrumento) para que os aviões sejam guiados para tocar o solo dentro do novo comprimento.
A pista principal passa de 1.940 metros para 1.640 metros. A auxiliar passa de 1.435 metros para 1.195 metros. Em cada ponta (cabeceira) ficarão reservados 150 metros e 120 metros, respectivamente, para emergências -conforme recomenda a OACI (Organização de Aviação Civil Internacional).
Ainda está sob estudo o uso futuro de materiais como brita ou asfalto poroso para ajudar a deter aviões que não consigam frear no limite oficial da pista.

Restrições
A redução da pista auxiliar foi anunciada com a proibição para aviões categoria 3 e 4 (aeronaves com envergadura de asa de 24 a 52 metros). Portanto, ficam vetados na pista auxiliar: Airbus-A320 e A319 (TAM), todos os modelos Boeing-737 (Gol, Varig e BRA), Fokker-100 (TAM e OceanAir), Fokker-50 (OceanAir) e ATR (Pantanal).
Técnicos da Anac, Aeronáutica e da Infraero estavam reunidos na noite de ontem para definir as providências necessárias e o horário amanhã em que passará a valer o novo comprimento de pista.
A Anac irá apresentar as tabelas de peso máximo para cada aeronave dentro do novo tamanho da pista. Caberá às empresas obedecer as restrições, calculadas a partir dos manuais dos fabricantes dos aviões.
O presidente do Sinpac (Sindicato Nacional dos Pilotos da Aviação Civil), comandante Hugo Stringhini, diz acreditar que a mudança será positiva para os pilotos. "Vai ficar melhor, desde que sejam usados os aviões adequados e no peso certo. Com certeza será mais seguro", disse ele. Para ele, a medida é inédita no mundo. "Nunca vi reduzirem pista", afirmou.


Colaborou AFRA BALAZINA , da Reportagem Local


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