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foco
Instituto Butantan agora deixa visitante manipular duas espécies de cobras
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
As cobras estão soltas. O
Instituto Butantan agora
oferece ao visitante a oportunidade de manipular duas
espécies não venenosas -a
falsa coral e a dormideira. O
instituto fica em São Paulo e
é referência mundial no estudo de répteis.
Ontem, crianças pegavam
as cobras no colo e alisavam
como se fossem cães de estimação. A experiência deve se
repetir todas as quintas, das
14h30 às 16h. O objetivo é
desmistificar a relação de
medo com o animal.
"A cobra é talvez o bicho
que mais causa aversão às
pessoas. Se a gente conseguir
fazer com que todo visitante
manipule uma, é possível
que o preconceito diminua e,
em vez de matá-las, passem a
preservá-las", acredita o biólogo Otávio Marques, pesquisador do instituto.
"Só tinha visto cobra em
desenho animado", diz Marina Bazzo, 7, encarando
bem de perto a falsa coral
pendurada em seu pescoço.
Encantada, ela sorri enquanto põe o dedo muito próximo
da boca da cobra. As duas espécies não mordem.
O pesquisador Marques
diz que é importante que as
pessoas se familiarizem com
o réptil, mas alerta para que
não saiam brincando com
qualquer cobra. "É perigoso
manipular espécies fora daqui, e sem o acompanhamento de um especialista."
A psicóloga Júnia Ferreira, da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), diz
que a experiência deve ser
bem sinalizada pelo instituto para não haver surpresas.
"Pegar uma pessoa fóbica
desprevenida pode significar
uma invasão psicológica."
Júnia explica que a fobia
depende da relação cultural
que a pessoa desenvolveu
com a figura da cobra.
"Sou capaz de matar uma
cobra, mas paraliso diante de
uma barata", conta a psicóloga Lígia Marcondes, que ontem levou amigos de fora de
São Paulo ao Butantan. Ela
diz que já trouxe muitas cobras em caixas, do sítio, para
o instituto: "Eles davam o soro, eu guardava na geladeira.
Graças a Deus, nunca usei."
Segundo o hospital Vital
Brasil, que fica no instituto e
é referência mundial na produção de soro, são registrados no Brasil cerca de 29 mil
acidentes com cobras -90%
com jararacas. Só na Grande
São Paulo, 300 pessoas se
acidentam por ano. Apesar
do aquecimento global e de
outros fenômenos que precipitam a extinção das espécies, o número de notificações de acidentes com cobras tem aumentado no país
por causa da melhor distribuição do soro por região.
Hoje, 3.500 municípios recebem o antídoto, diz o médico-chefe do hospital Vital
Brasil, Francisco Siqueira.
INSTITUTO BUTANTAN
Endereço: avenida Vital Brasil,
1.500, São Paulo
Fone: 0/xx/11/3726 7222
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