São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Instituto Butantan agora deixa visitante manipular duas espécies de cobras

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

As cobras estão soltas. O Instituto Butantan agora oferece ao visitante a oportunidade de manipular duas espécies não venenosas -a falsa coral e a dormideira. O instituto fica em São Paulo e é referência mundial no estudo de répteis.
Ontem, crianças pegavam as cobras no colo e alisavam como se fossem cães de estimação. A experiência deve se repetir todas as quintas, das 14h30 às 16h. O objetivo é desmistificar a relação de medo com o animal.
"A cobra é talvez o bicho que mais causa aversão às pessoas. Se a gente conseguir fazer com que todo visitante manipule uma, é possível que o preconceito diminua e, em vez de matá-las, passem a preservá-las", acredita o biólogo Otávio Marques, pesquisador do instituto.
"Só tinha visto cobra em desenho animado", diz Marina Bazzo, 7, encarando bem de perto a falsa coral pendurada em seu pescoço. Encantada, ela sorri enquanto põe o dedo muito próximo da boca da cobra. As duas espécies não mordem.
O pesquisador Marques diz que é importante que as pessoas se familiarizem com o réptil, mas alerta para que não saiam brincando com qualquer cobra. "É perigoso manipular espécies fora daqui, e sem o acompanhamento de um especialista."
A psicóloga Júnia Ferreira, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que a experiência deve ser bem sinalizada pelo instituto para não haver surpresas. "Pegar uma pessoa fóbica desprevenida pode significar uma invasão psicológica."
Júnia explica que a fobia depende da relação cultural que a pessoa desenvolveu com a figura da cobra.
"Sou capaz de matar uma cobra, mas paraliso diante de uma barata", conta a psicóloga Lígia Marcondes, que ontem levou amigos de fora de São Paulo ao Butantan. Ela diz que já trouxe muitas cobras em caixas, do sítio, para o instituto: "Eles davam o soro, eu guardava na geladeira. Graças a Deus, nunca usei."
Segundo o hospital Vital Brasil, que fica no instituto e é referência mundial na produção de soro, são registrados no Brasil cerca de 29 mil acidentes com cobras -90% com jararacas. Só na Grande São Paulo, 300 pessoas se acidentam por ano. Apesar do aquecimento global e de outros fenômenos que precipitam a extinção das espécies, o número de notificações de acidentes com cobras tem aumentado no país por causa da melhor distribuição do soro por região. Hoje, 3.500 municípios recebem o antídoto, diz o médico-chefe do hospital Vital Brasil, Francisco Siqueira.


INSTITUTO BUTANTAN
Endereço: avenida Vital Brasil, 1.500, São Paulo
Fone: 0/xx/11/3726 7222



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