|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ÂNGELO LORENZETTI (1933-2008)
Quando a visão da morte coroa a vida
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Havia o antes e o depois na
vida de Ângelo Lorenzetti.
Fosse nas preleções ou conversas do dia-a-dia, ele dividia sua existência a partir do
dia em que conheceu o espiritismo. "A vida dele mudou
ali." Não se sabia por quê.
Mas foi discursando sobre o
sentido da vida a amigos espíritas que encerrou a sua.
Foi nos anos 70 que o irmão o introduziu aos textos
de Alan Kardek. O resto, fez
sozinho, como fundar o Lar
Escola Redenção, onde 180
crianças pobres aprendem
uma profissão. E ele sabia
das dificuldades do emprego.
Filho pobre de imigrantes
que deixaram a Itália "para
ganhar a América" e acabaram criando bichos-da-seda e
vendendo tamancos em Ribeirão Bonito (SP), viu os pais
tentarem voltar, sem sucesso,
para a Europa. Virou marceneiro e foi procurar emprego
em Araraquara (SP).
De dia, trabalhava no ofício;
à noite, tocava seu trombone
nos bailes. Assim, abriu uma
loja de móveis (chegou a ter
seis), onde empregou muitos
dos quatro filhos e 11 netos.
Faliu, em 1996, e se voltou para o Lar. Acordava às 6h e ia
ensinar as crianças a fazer
móveis. Vivia por lá.
Eram 20h de segunda,
quando a platéia do centro espírita viu o senhor de cabelos
e bigode brancos (dizem, a cara de José Sarney) começar a
preleção. "Gostaria que vocês
pudessem ver o que eu estou
vendo", disse. E foi para os
fundos. Sentou "e ali desencarnou". Morreu de infarto,
aos 75. "Morreu no lugar que
queria, como queria."
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Saúde / Pulmão: Pacientes confundem início de pneumonia com gripe Índice
|