São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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ÂNGELO LORENZETTI (1933-2008)

Quando a visão da morte coroa a vida

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Havia o antes e o depois na vida de Ângelo Lorenzetti. Fosse nas preleções ou conversas do dia-a-dia, ele dividia sua existência a partir do dia em que conheceu o espiritismo. "A vida dele mudou ali." Não se sabia por quê. Mas foi discursando sobre o sentido da vida a amigos espíritas que encerrou a sua.
Foi nos anos 70 que o irmão o introduziu aos textos de Alan Kardek. O resto, fez sozinho, como fundar o Lar Escola Redenção, onde 180 crianças pobres aprendem uma profissão. E ele sabia das dificuldades do emprego.
Filho pobre de imigrantes que deixaram a Itália "para ganhar a América" e acabaram criando bichos-da-seda e vendendo tamancos em Ribeirão Bonito (SP), viu os pais tentarem voltar, sem sucesso, para a Europa. Virou marceneiro e foi procurar emprego em Araraquara (SP).
De dia, trabalhava no ofício; à noite, tocava seu trombone nos bailes. Assim, abriu uma loja de móveis (chegou a ter seis), onde empregou muitos dos quatro filhos e 11 netos. Faliu, em 1996, e se voltou para o Lar. Acordava às 6h e ia ensinar as crianças a fazer móveis. Vivia por lá.
Eram 20h de segunda, quando a platéia do centro espírita viu o senhor de cabelos e bigode brancos (dizem, a cara de José Sarney) começar a preleção. "Gostaria que vocês pudessem ver o que eu estou vendo", disse. E foi para os fundos. Sentou "e ali desencarnou". Morreu de infarto, aos 75. "Morreu no lugar que queria, como queria."

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