São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

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Estados afirmam que a legislação não é clara

DA REPORTAGEM LOCAL

Os Estados admitem que incluem merenda, aposentadorias e saneamento básico nas contas da saúde.
Mas argumentam que fazem isso, primeiro, porque falta dinheiro aos cofres estaduais e, depois, porque não se trata de crime - o texto da Constituição deixa margem para distintas interpretações sobre o que é saúde pública.
"Não estamos numa situação ilegal. Os tribunais de Contas [dos Estados] aprovam [as prestações de contas]", diz o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra. O Estado foi o que mais longe ficou de alcançar em 2007 o mínimo de 12% em saúde imposto pela Constituição. O RS foi um dos mais afetados pela gripe suína no país.
Para Terra, a falta de verba é histórica. "A culpa não é dos governadores, que pegaram os Estados em situação complicada. Aqui tivemos em 2008 o primeiro superavit em quase 40 anos. O processo natural é aumentar os recursos pouco a pouco".
A presidente interina do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, Beatriz Figueiredo Dobashi, concorda. Segundo ela, grande parcela do SUS (Sistema Único de Saúde) foi municipalizada nos 90, o que levou os Estados a reduzir seus investimentos naquela época.
"Agora é a retomada", diz Dobashi, que é secretária de Saúde de Mato Grosso do Sul. "Os Estados que estão lá embaixo [em investimento] não têm como dar um salto grande de um ano para o outro. É um processo gradativo e que já começou."
Dos 16 Estados que não atingiram o mínimo de 12%, a Folha obteve resposta de oito (RS, SC, PR, MS, MG, RJ, ES e MA). A maioria se disse favorável à regulamentação da emenda 29.
O Paraná diz que cumpre o mínimo constitucional. Argumenta que a emenda ainda não está regulamentada e que isso "abre espaço para interpretações diferentes, de acordo com cada vertente teórica da saúde pública".
ES e MA não fizeram comentários diretos sobre a regulamentação. Não responderam à Folha RO, PI, CE, PB, PE, AL, MT e GO.
O Ministério da Saúde enviou uma planilha com seus gastos. Acusada de tampouco aplicar o mínimo constitucional, a Saúde disse que cumpre a lei e que "está negociando" com o Ministério Público uma forma de "rever a base de cálculo".


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