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REMÉDIOS
Para Vigilância Sanitária, teria ocorrido erro humano em produção de anticoncepcionais da Schering do
Brasil
Saúde aponta falha em cartela de Microvlar
MALU GASPAR
da Reportagem Local
A Vigilância Sanitária encontrou, neste final de semana, nova
irregularidade em cartela da pílula
Microvlar, fabricada pelo laboratório Schering do Brasil. Uma das
cartelas tinha 20 em vez das 21 necessárias para a completa eficácia
do anticoncepcional.
A cartela, do lote 253, foi encontrada a partir de denúncia feita à
Vigilância Sanitária de São Paulo
por uma consumidora. Neste
fim-de-semana, o secretário nacional da Vigilância Sanitária,
Gonzalo Vecina Neto, esteve na
sede da empresa e constatou que
houve falha humana no procedimento de controle de fabricação.
Vecina Neto determinou que
fossem recolhidas todas as cartelas
desse lote para que seja avaliada a
extensão do problema.
Hoje, a Vigilância Sanitária de
São Paulo deverá realizar uma inspeção na empresa para conhecer o
processo de controle da fabricação
da Microvlar. As cartelas recolhidas também serão avaliadas.
O secretário determinou ainda
que a Schering publicasse um esclarecimento à população em jornais de grande circulação.
"É importante entender que faltar pílulas numa cartela não é da
mesma gravidade de uma pílula
ter farinha. Não é motivo para susto, mas indica falhas no sistema de
controle do produto que, esperamos, possam ser sanadas", disse
ontem o ministro José Serra, que
anunciou a descoberta da cartela
adulterada em entrevista coletiva.
Segundo a Schering do Brasil,
apenas uma cartela do lote 253 tinha 20 pílulas.
Hoje, será lavrado um auto de
infração grave contra a empresa.
Segundo o secretário da Vigilância
Sanitária, a medida foi adotada
pelo fato de a empresa ser reincidente, apesar de a irregularidade
não ter sido considerada tão grave
quanto o caso das Microvlar com
recheio de farinha, descobertas em
junho passado.
Isso significa que a empresa será
punida e multada. Ainda não está
definida a extensão da multa, que
vai depender do que for constatado nas vistorias e na avaliação feita
pela Vigilância Sanitária.
As novas cartelas da pílula, com
mudanças na embalagem, começaram a ser vendidas no mercado
em 17 de agosto.
Desta vez, no entanto, o ministro da Saúde considera pouco provável que a Microvlar tenha sua
produção paralisada ou a venda
proibida, como ocorreu no caso
das pílulas de farinha.
Serra e Vecina também disseram
considerar que não houve negligência na empresa, mas sim falha
humana.
"Isso é quase como um raio que
tivesse caído no mesmo lugar duas
vezes", disse Serra. Para o ministro, no entanto, o episódio demonstra que é preciso melhorar os
sistemas de controle e fabricação
das empresas que atuam no setor.
Serra pediu ainda que as consumidoras que encontrem esse tipo
de adulteração em suas cartelas
comuniquem a Vigilância.
Risco
Uma mulher que tome as 20 pílulas da cartela e não tome a última, como no caso da cartela do
lote 253, não corre o risco de engravidar, diz o ginecologista Nelson Vitielo. "Se isso ocorrer repetidas vezes, o ciclo menstrual pode
ser alterado." Mas, em geral,
quando a mulher deixa de tomar
uma pílula, a eficácia do anticoncepcional diminui, e aí há risco.
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