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DEBATE
Participantes do evento "Terror Urbano", promovido pela Folha, defendem reestruturação da força policial
Polícia arcaica contribui para a violência
da Reportagem Local
O atual modelo de polícia, considerado arcaico, contribui para o
avanço da criminalidade nas grande cidades brasileiras.
A afirmação é consenso para Benedito Domingos Mariano, ouvidor da polícia do Estado de São
Paulo, James Cavallaro, diretor no
Brasil da Human Rights Watch/Americas (uma entidade não-governamental de direitos humanos), e Yvonne Bezerra, artista
plástica que trabalha com meninos de rua no Rio de Janeiro.
Os três, juntamente com o secretário-adjunto da Secretaria da Segurança Pública, Luiz Antonio Alves de Souza, também defenderam
reformulações profundas nas estruturas das Polícias Civil e Militar
e sugeriram a unificação das forças. Souza foi o único a não atrelar
o aumento da violência à polícia.
Os quatro participaram, no dia
17 de agosto, do debate "Terror
Urbano", promovido pela Folha
e pelo Centro Acadêmico 11 de
Agosto - Campanha Sou da Paz.
"Diferente de algumas pessoas,
eu penso ser um equívoco creditarmos a violência urbana e a criminalidade só a questões sociais.
Tenho a impressão que o modelo
de polícia que nós temos é ineficiente e não vai diminuir a criminalidade. Até porque, esse modelo
de polícia produz, de certa maneira, violência. Só de 1990 até hoje,
mais de 5.400 pessoas foram mortas por policiais (em SP), contra
um número de 111 policiais mortos no mesmo período. Isso demonstra que polícia violenta não
diminui a criminalidade. Ela pode
até contribuir para uma maior
violência", afirmou Mariano.
Souza discorda da opinião e afirma que São Paulo conseguiu diminuir a violência policial. "Hoje, a
polícia de São Paulo está conseguindo fechar suas estatísticas
com cerca de 15%, 20% menos do
que matava em 90, 91, 92. E todas
elas devidamente apuradas."
Yvonne afirma que, no Rio, o
principal problema, além da violência policial, é a corrupção.
"Uma vez, um traficante me disse
o seguinte: "Não existe tráfico de
drogas sem a polícia'. Ele tem toda
a razão. Nós vamos conseguir melhorar isso quando tivermos em
Brasília a reforma da polícia fora
das gavetas e do papel."
Além da violência policial, alguns dos debatedores, como Cavallaro, atribuíram o avanço da
criminalidade a questões sociais, à
proliferação das armas e ao tráfico
de drogas. "Outro fator que nós
constatamos é que parece existir
uma tendência à violência no contexto da transição dos governos
autoritários para a democracia."
Os quatro discutiram também a
redução das penas e a necessidade
de ampliação das penas alternativas como forma de desafogar o
sistema penitenciário. Em São
Paulo, Souza destacou que 50%
das pessoas presas em distritos já
estão condenadas.
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