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BARBARA GANCIA
Deu a louca na revista "Veja"?
Pode ser implicância minha,
mas estou com a "Veja" entalada na garganta. Com farta
lista de serviços prestados ao país,
parece que a revista resolveu jogar sua sobriedade pela janela se
convertendo em uma louca de
Chaillot indócil, que atira para
todo o lado e reage com histeria
aos fatos que deveria relatar
com imparcialidade.
Assino "Veja" há 20 anos, leio a
revista de cabo a rabo assim que a
recebo e faço parte do grupo que
acredita que o governo do PT é
um embuste digno da queixa coletiva de 121 milhões de eleitores
ao Procon. Mesmo assim, não
consigo entender a fúria atual de
"Veja". Tome, por exemplo, a capa da semana passada, em que a
revista apresentava sete motivos
para votar "não" no referendo sobre as armas. Estranha conta, sete. Não existiriam motivos suficientes para arredondar o número para dez? E estranha escolha
de motivos. O primeiro deles, de
que "os países que proibiram a
venda de armas tiveram aumento da criminalidade e da crueldade dos bandidos" não encontra
respaldo nos dados fornecidos por
países que adotaram políticas de
desarmamento, como Japão, Austrália, Holanda e Reino Unido.
Outro motivo apresentado, o de
que o desarmamento é "historicamente um dos pilares do totalitarismo", não só tenta vincular de
forma sub-reptícia a campanha
pelo desarmamento à agenda do
PT (sendo que o movimento nasceu na sociedade civil e tomou
vulto no governo FHC), como
ecoa a ladainha alarmista da
direita truculenta.
Um dos argumentos usados por
Eurípedes Alcântara, diretor de
Redação de "Veja", para explicar
a opção da revista pelo "não" foi o
de que "um referendo que pergunte ao cidadão se ele quer ter
direitos básicos suprimidos não
deveria ser proposto jamais. Em
sendo, merece apenas uma resposta: não". Ora, se esse é o posicionamento da revista, em vez de
oferecer sete motivos para votar
"não", não teria sido mais
coerente fazer uma capa
apontando a inconstitucionalidade do referendo?
"Veja", que se ufana em apontar o dedo para repórteres que recebem iPods de gravadoras, poderia ter sido mais generosa com o
leitor ao explicar sua opção pelo
"não". Para não deixar dúvidas
no ar, por que a revista não nos
contou que a empresa à qual pertence paga aluguel de cerca R$ 1
milhão à família Birmann, da
construtora homônima, que vem
a ser proprietária do prédio que
serve de sede da Editora Abril e
também, veja só, da CBC, a Companhia Brasileira de Cartuchos?
QUALQUER NOTA
A troco?
Ficamos sabendo que as raízes
de Marisa Letícia da Silva dão à
primeira-dama o direito de
possuir o passaporte italiano
que acaba de lhe ser concedido.
O que eu queria entender é por
que a mulher do presidente da
República precisa ter um passaporte de outra nacionalidade.
Finalmentes
Aposto um picolé de limão como falta muito pouco para que
Paulo Maluf e seu filho Flávio
deixem a detenção da Polícia
Federal. Afinal, as testemunhas
do inquérito que os Maluf supostamente tentaram influenciar já foram todas ouvidas.
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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