São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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Relatório quer desqualificar país, diz usineiro

Para o empresário Maurilio Biagi Filho, documento é reação ao desempenho do Brasil na área de biocombustíveis

Ele disse acreditar que o uso de drogas entre cortadores de cana tenha relação com o fato de Ribeirão Preto ser rota de tráfico no Estado

DO "AGORA"

O empresário Maurilio Biagi Filho, um dos principais usineiros do país e conselheiro da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), afirma acreditar que o uso de drogas entre cortadores de cana pode estar relacionado com o fato de as estradas da região de Ribeirão Preto serem rotas do tráfico no Estado.
Sobre o relatório da ONU que citou o consumo de crack entre os bóias-frias da região, o megaempresário do setor sucroalcooleiro, porém, considera que americanos e europeus tentam desqualificar o Brasil como nova potência na área dos biocombustíveis.
Biagi Filho rebateu também as acusações de falta de assistência aos trabalhadores de usinas, feitas por pesquisadores, sindicalistas e também pela Pastoral do Migrante.
"Como o nosso setor está crescendo, tem muito fazendeiro inexperiente contaminando o meio. São nessas fazendas que os trabalhadores enfrentam condições ruins de trabalho. Qualquer setor que cresce 10% ao ano tem uma desarrumação", opina. "Na hora de fazer as críticas, as pessoas têm de saber diferenciar o joio do trigo. Os 90% de usineiros que oferecem todo o respaldo possível aos seus trabalhadores não podem pagar o preço pelos 10% ruins, que são os pequenos fazendeiros que entraram em um mercado sem conhecê-lo direito", afirmou.

"Nem 0,5%"
O usineiro diz que o problema das drogas nos canaviais, principalmente o crack, não atinge "nem 0,5%" dos bóias-frias. "A droga está presente em todos os lugares, não existe mais diferença de faixa etária ou profissão", disse. Ele também criticou o relatório da ONU. "Os europeus e os americanos não têm interesse que o Brasil seja uma potência do biocombustível e tentam dizer que todas as mazelas sociais do país são culpa da cana. Isso não é verdade", acrescentou.
O empresário afirmou ainda que as usinas oferecem planos de saúde aos funcionários e diz não considerar baixo o salário de cerca de R$ 1.000 pago aos cortadores.
"O trabalhador rural tem os mesmos direitos dos outros. E ganha um pouco mais pelo esforço físico se for comparado, por exemplo, a um balconista, que tem menos esforço", acrescentou.

Queimadas
Biagi Filho disse que o compromisso das usinas é acabar com as queimadas na região de Ribeirão Preto até 2014. A queimada, usada para facilitar o corte da cana, é criticada pelo Ministério Público -o recurso, além de poluir o ar com fuligens da cana, pode resultar em alterações climáticas, como o aumento da temperatura.
(DIEGO ZANCHETTA)


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