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Relatório quer desqualificar país, diz usineiro
Para o empresário Maurilio Biagi Filho, documento é reação ao desempenho do Brasil na área de biocombustíveis
Ele disse acreditar que o uso de drogas entre cortadores de cana tenha relação com o fato de Ribeirão Preto ser rota de tráfico no Estado
DO "AGORA"
O empresário Maurilio Biagi
Filho, um dos principais usineiros do país e conselheiro da
Unica (União da Agroindústria
Canavieira de São Paulo), afirma acreditar que o uso de drogas entre cortadores de cana
pode estar relacionado com o
fato de as estradas da região de
Ribeirão Preto serem rotas do
tráfico no Estado.
Sobre o relatório da ONU que
citou o consumo de crack entre
os bóias-frias da região, o megaempresário do setor sucroalcooleiro, porém, considera que
americanos e europeus tentam
desqualificar o Brasil como nova potência na área dos biocombustíveis.
Biagi Filho rebateu também
as acusações de falta de assistência aos trabalhadores de usinas, feitas por pesquisadores,
sindicalistas e também pela
Pastoral do Migrante.
"Como o nosso setor está
crescendo, tem muito fazendeiro inexperiente contaminando o meio. São nessas fazendas que os trabalhadores
enfrentam condições ruins de
trabalho. Qualquer setor que
cresce 10% ao ano tem uma desarrumação", opina. "Na hora
de fazer as críticas, as pessoas
têm de saber diferenciar o joio
do trigo. Os 90% de usineiros
que oferecem todo o respaldo
possível aos seus trabalhadores
não podem pagar o preço pelos
10% ruins, que são os pequenos
fazendeiros que entraram em
um mercado sem conhecê-lo
direito", afirmou.
"Nem 0,5%"
O usineiro diz que o problema das drogas nos canaviais,
principalmente o crack, não
atinge "nem 0,5%" dos bóias-frias. "A droga está presente em
todos os lugares, não existe
mais diferença de faixa etária
ou profissão", disse. Ele também criticou o relatório da
ONU. "Os europeus e os americanos não têm interesse que o
Brasil seja uma potência do
biocombustível e tentam dizer
que todas as mazelas sociais do
país são culpa da cana. Isso não
é verdade", acrescentou.
O empresário afirmou ainda
que as usinas oferecem planos
de saúde aos funcionários e diz
não considerar baixo o salário
de cerca de R$ 1.000 pago aos
cortadores.
"O trabalhador rural tem os
mesmos direitos dos outros. E
ganha um pouco mais pelo esforço físico se for comparado,
por exemplo, a um balconista,
que tem menos esforço", acrescentou.
Queimadas
Biagi Filho disse que o compromisso das usinas é acabar
com as queimadas na região de
Ribeirão Preto até 2014. A queimada, usada para facilitar o
corte da cana, é criticada pelo
Ministério Público -o recurso,
além de poluir o ar com fuligens da cana, pode resultar em
alterações climáticas, como o
aumento da temperatura.
(DIEGO ZANCHETTA)
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