São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

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POLÍCIA
Grupo de dez homens e uma mulher, com fuzis, metralhadoras e pistolas, participou da ação em São Vicente, ferindo policiais
Bando armado invade cadeia e resgata 69

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO VICENTE

Um grupo de dez homens e uma mulher, armado com fuzis, metralhadoras e pistolas automáticas, invadiu na madrugada de ontem a Cadeia Pública de São Vicente (litoral paulista), agrediu policiais e libertou 69 detentos.
A ação começou no 1º Distrito Policial da cidade, cujo prédio abriga também a cadeia, que estava com a capacidade (62 presos) excedida em quase quatro vezes -antes do resgate havia 242 homens detidos.
Até a tarde de ontem, 14 fugitivos tinham sido recapturados. O resgate mobilizou a cúpula da Segurança Pública no Estado. Acompanhado do comandante-geral da PM, Rui César Melo, e do delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antonio Desgualdo, o secretário-adjunto da Segurança, Mário Magalhães Papaterra Limongi, esteve em São Vicente e anunciou a construção de um centro de detenção provisória na cidade.
O resgate é o segundo ocorrido neste mês em cadeias da Baixada Santista. O outro aconteceu no último dia 2, em Praia Grande. Depois de dominarem um investigador e uma carcereira, três homens armados entraram na cadeia da Delegacia da Vila Tupi e levaram dois presos.
Ontem, segundo relato dos policiais, uma mulher com aproximadamente 45 anos e dois homens -ambos aparentando 23 e um dos quais trajando farda do Exército- chegaram às 4h50 à recepção do plantão policial do 1º DP de São Vicente e apontaram quatro pistolas para o investigador Vitor de Freitas Júnior.
Após imobilizarem o investigador, eles dominaram o escrivão Frank Reynaldo, no momento em que os demais integrantes do bando invadiram a delegacia. Quatro homens se dirigiram à sala do delegado Sérgio Lemos Nassur e o conduziram algemado até a carceragem.
Pelo visor, Jonas Francisco da Silva, um dos dois carcereiros de plantão, observou somente o delegado -os bandidos estavam escondidos- e abriu a porta. No pátio da cadeia, Nassur levou chutes nas costas e foi agredido duas vezes na testa com o cano de uma pistola.
"Fizeram isso para impor um terrorismo psicológico. Foi uma forma de tentar intimidar", afirmou o delegado, que tinha escoriações na testa e um grande hematoma acima do olho direito. O carcereiro Jonas da Silva também foi agredido na cabeça.
Usando coletes à prova de bala, os membros da quadrilha obrigaram os carcereiros a abrir as celas 32 e 35, cujos presos se encarregaram de abrir outras quatro das 12 celas da cadeia.
Os policiais suspeitam de que o objetivo específico da ação era resgatar Wagner Satiro Souza, acusado de assalto a banco e tráfico de drogas. Ele escapou e não está entre os presos capturados.
Na semana passada, a polícia de São Vicente recebeu uma informação segundo a qual haveria uma tentativa de resgate de Souza do hospital São José, onde ele esteve internado devido a um ferimento no braço. A segurança foi reforçada no hospital e o suposto plano não se consumou.
De acordo com policiais, a única mulher do grupo chegou a gritar ontem antes da fuga: "Já tiramos quem nós queríamos. Não é para matar ninguém".
Testemunhas informaram à polícia que os invasores fugiram em uma perua Kombi bege e em uma van Sprinter azul. Antes de sair, eles levaram as armas e os telefones celulares dos policiais e cortaram os fios de todos os telefones públicos das proximidades.


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