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POLÍCIA
Grupo de dez homens e uma mulher, com fuzis, metralhadoras e pistolas, participou da ação em São Vicente, ferindo policiais
Bando armado invade cadeia e resgata 69
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO VICENTE
Um grupo de dez homens e uma
mulher, armado com fuzis, metralhadoras e pistolas automáticas, invadiu na madrugada de ontem a Cadeia Pública de São Vicente (litoral paulista), agrediu
policiais e libertou 69 detentos.
A ação começou no 1º Distrito
Policial da cidade, cujo prédio
abriga também a cadeia, que estava com a capacidade (62 presos)
excedida em quase quatro vezes
-antes do resgate havia 242 homens detidos.
Até a tarde de ontem, 14 fugitivos tinham sido recapturados. O
resgate mobilizou a cúpula da Segurança Pública no Estado.
Acompanhado do comandante-geral da PM, Rui César Melo, e do
delegado-geral da Polícia Civil,
Marco Antonio Desgualdo, o secretário-adjunto da Segurança,
Mário Magalhães Papaterra Limongi, esteve em São Vicente e
anunciou a construção de um
centro de detenção provisória na
cidade.
O resgate é o segundo ocorrido
neste mês em cadeias da Baixada
Santista. O outro aconteceu no último dia 2, em Praia Grande. Depois de dominarem um investigador e uma carcereira, três homens
armados entraram na cadeia da
Delegacia da Vila Tupi e levaram
dois presos.
Ontem, segundo relato dos policiais, uma mulher com aproximadamente 45 anos e dois homens
-ambos aparentando 23 e um
dos quais trajando farda do Exército- chegaram às 4h50 à recepção do plantão policial do 1º DP
de São Vicente e apontaram quatro pistolas para o investigador
Vitor de Freitas Júnior.
Após imobilizarem o investigador, eles dominaram o escrivão
Frank Reynaldo, no momento em
que os demais integrantes do bando invadiram a delegacia. Quatro
homens se dirigiram à sala do delegado Sérgio Lemos Nassur e o
conduziram algemado até a carceragem.
Pelo visor, Jonas Francisco da
Silva, um dos dois carcereiros de
plantão, observou somente o delegado -os bandidos estavam escondidos- e abriu a porta. No
pátio da cadeia, Nassur levou chutes nas costas e foi agredido duas
vezes na testa com o cano de uma
pistola.
"Fizeram isso para impor um
terrorismo psicológico. Foi uma
forma de tentar intimidar", afirmou o delegado, que tinha escoriações na testa e um grande hematoma acima do olho direito. O
carcereiro Jonas da Silva também
foi agredido na cabeça.
Usando coletes à prova de bala,
os membros da quadrilha obrigaram os carcereiros a abrir as celas
32 e 35, cujos presos se encarregaram de abrir outras quatro das 12
celas da cadeia.
Os policiais suspeitam de que o
objetivo específico da ação era
resgatar Wagner Satiro Souza,
acusado de assalto a banco e tráfico de drogas. Ele escapou e não
está entre os presos capturados.
Na semana passada, a polícia de
São Vicente recebeu uma informação segundo a qual haveria
uma tentativa de resgate de Souza
do hospital São José, onde ele esteve internado devido a um ferimento no braço. A segurança foi
reforçada no hospital e o suposto
plano não se consumou.
De acordo com policiais, a única
mulher do grupo chegou a gritar
ontem antes da fuga: "Já tiramos
quem nós queríamos. Não é para
matar ninguém".
Testemunhas informaram à polícia que os invasores fugiram em
uma perua Kombi bege e em uma
van Sprinter azul. Antes de sair,
eles levaram as armas e os telefones celulares dos policiais e cortaram os fios de todos os telefones
públicos das proximidades.
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