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SAÚDE
Crescem casos da doença na América Latina e no Caribe
Fórum alerta sobre falta de apoio governamental contra a Aids
DA REPORTAGEM LOCAL
Caso governos e entidades internacionais não abram os olhos
para a Aids na América Latina e
Caribe, a epidemia se tornará em
poucos anos o principal problema de saúde pública na região.
Alguns países, como Haiti, Bahamas e República Dominicana, já
têm índices de infecção próximos
aos da África. Nos centros urbanos haitianos, 10% da população
está infectada.
Na grande maioria dos países,
mesmo os mais ricos do continente, o governo não oferece medicamentos. Os pacientes morrem, em média, um ano após manifestarem a doença. Países importantes, como Argentina e Chile, proíbem campanhas públicas
que façam referência à camisinha.
Esse mosaico desanimador-
onde o Brasil é exceção- foi destacado na Declaração do Rio de
Janeiro, documento final do Fórum 2000 de HIV e Aids, encerrado no final de semana no Rio.
Cerca de 3.000 representantes da
América Latina e do Caribe participaram do encontro.
"Pela primeira vez, um fórum
internacional chamou tanto a
atenção para as desigualdades da
América Latina e do Caribe", disse Paulo Roberto Teixeira, coordenador do Programa Nacional
de Aids e presidente do encontro.
O documento destaca quatro
pontos. O primeiro é a necessidade de se chamar a atenção para a
situação do continente. Estima-se
que 600 pessoas sejam infectadas
por dia nos 44 países da América
Latina e do Caribe. Cerca de 1,6
milhão de pessoas estão vivendo
com HIV ou Aids nesses países.
Outro destaque ficou para as
minorias esquecidas e discriminadas das campanhas e tratamentos. "Muitos países ainda ignoram completamente grupos como homens que fazem sexo com
homens", diz Paulo Teixeira.
Em outros, como no Chile, os
travestis são discriminados. Segundo representantes chilenos
presentes no Fórum, o governo
fornece medicamentos para cerca
de 50% dos pacientes, seguindo
critérios que atentam contra os
direitos humanos. A prioridade
começa com as gestantes infectadas, as crianças com HIV, as mulheres e os adultos heterossexuais
com a doença. Só depois são atendidos os homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e os travestis. "Significa que esses últimos grupos estão condenados à
morte", afirma uma das declarações divulgadas no Fórum.
Justamente a questão do acesso
a medicamentos foi a que mais
ocupou os debates e espaços na
Declaração do Rio. Entre todos os
países, o Brasil é o único que vem
adotando uma política de produção própria dos genéricos da
Aids. Muitos países, como o Uruguai, pagam três vezes mais pelos
mesmos medicamentos.
Os representantes propõem
uma mobilização junto aos países
ricos produtores de remédios e
órgãos como a ONU e a Organização Mundial de Comércio para
"uma solução global" da questão
dos medicamentos. "O objetivo é
flexibilizar os tratados internacionais e as leis de patentes de forma
a estabelecer critérios éticos para
os preços", diz Paulo Teixeira.
Outra alternativa é incentivar a
produção de genéricos, como
vem fazendo o Brasil.
O próximo fórum vai acontecer
em 2003, em Havana. Cuba foi escolhida por suas ações de saúde e
pela política de não discriminação a homossexuais e prostitutas.
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