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Desembargador da PB ameaça
interpelar petista na Justiça
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O desembargador Júlio Paulo
Neto, 63, do TJ (Tribunal de Justiça) da Paraíba, disse anteontem
que irá interpelar judicialmente o
deputado estadual frei Anastácio
Ribeiro (PT-PB). O deputado petista acusou o desembargador de
"acobertar" policiais envolvidos
em grupos de extermínio no período em que foi procurador-geral de Justiça da Paraíba.
Júlio Paulo Neto disse que no
período de 1997 a 2001, quando
foi procurador-geral de Justiça do
Estado, foi o primeiro "a unir forças com Pernambuco para coibir
as ações de grupos na divisa entre
os dois Estados".
Nomeado desembargador em
março de 2002, Júlio Paulo Neto
disse que ficou surpreso com as
acusações do deputado frei Anastácio. "Só pode ser problema político desse frei, que não conheço,
mas que responde a mais de dez
processos por incitar invasões de
terra e já foi condenado a quatro
anos e quatro meses de prisão."
O desembargador admitiu conhecer o policial Sérgio de Souza
Azevedo, 41, acusado na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
da Violência do Campo, presidida
por frei Anastácio, de liderar grupo de extermínio de sem-terra na
região dos municípios de Itabaiana e Mogeiro. O desembargador
Paulo Neto é proprietário de uma
fazenda na região.
"O Sérgio eu conheço, é um
bom policial e por isso continua
na polícia. No meu tempo de procurador-geral, abri processos
contra mais de 200 agentes políticos, e esse frei, ao me acusar, não
sabe que fui eu que iniciei o combate aos crimes na divisa de Pernambuco e Paraíba."
Júlio Paulo Neto disse que está
recolhendo "documentos comprobatórios" de sua ação contra o
crime organizado no Estado para
fundamentar sua interpelação
contra o deputado petista. Na edição de 26 de outubro da Folha, o
deputado estadual frei Anastácio
Ribeiro (PT-PB), 58, afirmou que
os líderes dos grupos de extermínio na Paraíba agiam "e agem
acobertados". Ele citou o atual desembargador e ex-procurador-geral do Estado como uma das
autoridades que acobertariam os
policiais líderes de grupos de extermínio na Paraíba.
Além de Manoel César de Albuquerque, "o cabo César", já morto, os líderes dos grupos de extermínio seriam os policiais Marcelo
Jorge Pereira, 42, ex- delegado de
Pedras de Fogo (na divisa com
PE) e Sérgio de Souza Azevedo, de
acordo com a CPI da Violência no
Campo. Azevedo e Pereira, ouvidos pela Agência Folha na época,
assim como o desembargador,
acusam o frei Anastácio Ribeiro
de perseguição política.
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