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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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Desembargador da PB ameaça interpelar petista na Justiça

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O desembargador Júlio Paulo Neto, 63, do TJ (Tribunal de Justiça) da Paraíba, disse anteontem que irá interpelar judicialmente o deputado estadual frei Anastácio Ribeiro (PT-PB). O deputado petista acusou o desembargador de "acobertar" policiais envolvidos em grupos de extermínio no período em que foi procurador-geral de Justiça da Paraíba.
Júlio Paulo Neto disse que no período de 1997 a 2001, quando foi procurador-geral de Justiça do Estado, foi o primeiro "a unir forças com Pernambuco para coibir as ações de grupos na divisa entre os dois Estados".
Nomeado desembargador em março de 2002, Júlio Paulo Neto disse que ficou surpreso com as acusações do deputado frei Anastácio. "Só pode ser problema político desse frei, que não conheço, mas que responde a mais de dez processos por incitar invasões de terra e já foi condenado a quatro anos e quatro meses de prisão."
O desembargador admitiu conhecer o policial Sérgio de Souza Azevedo, 41, acusado na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Violência do Campo, presidida por frei Anastácio, de liderar grupo de extermínio de sem-terra na região dos municípios de Itabaiana e Mogeiro. O desembargador Paulo Neto é proprietário de uma fazenda na região.
"O Sérgio eu conheço, é um bom policial e por isso continua na polícia. No meu tempo de procurador-geral, abri processos contra mais de 200 agentes políticos, e esse frei, ao me acusar, não sabe que fui eu que iniciei o combate aos crimes na divisa de Pernambuco e Paraíba."
Júlio Paulo Neto disse que está recolhendo "documentos comprobatórios" de sua ação contra o crime organizado no Estado para fundamentar sua interpelação contra o deputado petista. Na edição de 26 de outubro da Folha, o deputado estadual frei Anastácio Ribeiro (PT-PB), 58, afirmou que os líderes dos grupos de extermínio na Paraíba agiam "e agem acobertados". Ele citou o atual desembargador e ex-procurador-geral do Estado como uma das autoridades que acobertariam os policiais líderes de grupos de extermínio na Paraíba.
Além de Manoel César de Albuquerque, "o cabo César", já morto, os líderes dos grupos de extermínio seriam os policiais Marcelo Jorge Pereira, 42, ex- delegado de Pedras de Fogo (na divisa com PE) e Sérgio de Souza Azevedo, de acordo com a CPI da Violência no Campo. Azevedo e Pereira, ouvidos pela Agência Folha na época, assim como o desembargador, acusam o frei Anastácio Ribeiro de perseguição política.


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