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Grávida precoce vira avó mais cedo, diz estudo
Pesquisa mostra que filha de mulher que ficou grávida durante a adolescência tem mais chance de ser mãe adolescente
Em quase 70% dos casos, mãe de jovem grávida havia dado à luz na adolescência, aponta o levantamento
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos "fatores de risco" para a gravidez na adolescência é
ser filha de uma mulher que ficou grávida nessa mesma época
da vida. Segundo um estudo feito pela Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo, em quase
70% dos casos de gravidez na
adolescência, a mãe da jovem
grávida também havia dado à
luz quando adolescente.
A pesquisa foi feita com cerca
de 430 grávidas atendidas na
Casa do Adolescente, um centro público de apoio médico e
psicológico a jovens, localizado
em Pinheiros (zona oeste de
São Paulo). Dessas meninas,
86% não queriam ter ficado
grávidas naquele momento.
"Não é por falta de acesso à
informação ou aos métodos de
controle da gravidez. É mais
por uma questão psicológica. E
acontece em todas as classes
sociais", explica a médica Albertina Takiuti, responsável
pelo programa estadual de saúde do adolescente.
De acordo com ela, é comum
que os pais dessas adolescentes
sejam separados e que, em razão disso, elas vivenciem conflitos psicológicos. "Elas contestam o próprio nascimento.
Acham que isso [gravidez] não
vai acontecer com elas e acabam se descuidando. Elas também são mais vulneráveis aos
desejos de seus parceiros, que
normalmente são mais velhos."
Outra explicação, segundo
Albertina, está no fato de algumas mães, pelo trauma da gravidez na adolescência, cobrarem demais das filhas que elas
não repitam essa experiência.
"Os adolescentes são contestadores, mesmo não se dando
conta disso", diz.
Bárbara Santos, 19, encaixa-se nas conclusões do estudo da
Casa do Adolescente. O filho,
Luiz Guilherme, nasceu quatro
anos atrás. A mãe dela havia ficado grávida aos 16.
"Minha mãe tinha muito medo que minha irmã e eu ficássemos grávidas. Ela ficava brava
quando falava disso, mas nunca
explicava direito. Essa possibilidade era um terror na cabeça
dela. Em casa, não havia muito
diálogo. Ela era muito fechada."
Aos 15 anos, Bárbara ficou
grávida logo do primeiro namorado. Eles não usaram camisinha. "Não me arrependo de ter
tido meu filho. É a luz da minha
vida", conta ela. "Mas sei que
perdi muito. Parei de estudar.
Poderia ter curtido mais a vida." Segundo Albertina Takiuti,
educadores e psicólogos devem
dedicar especial atenção às jovens nesse "grupo de risco".
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