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SP atrasa pagamentos e reduz ritmo de obras em estradas
Cerca de 1.200 obras da gestão José Serra em todo o Estado foram atingidas
Sindicato da construção pesada afirma que DER determinou a paralisação dos serviços; Secretaria dos Transportes nega
JOANA CUNHA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo atrasou o pagamento a empreiteiras
e vai reduzir o ritmo de obras
em estradas de todo o Estado
sob a alegação de falta de recursos. São 1.200 viadutos, recapeamentos e duplicações, mas o
governo não disse quantos foram atingidos. A construção do
Rodoanel, maior obra viária do
Estado, não foi afetada.
Entre os projetos prejudicados pela falta de dinheiro está o
Pró-Vicinais, que consiste na
recuperação de 12 mil km de estradas secundárias, a maior
parte no interior do Estado, iniciado em dezembro de 2007.
No início do ano, o governador José Serra (PSDB) apresentou as novas etapas do plano, com investimentos de R$
3,9 bilhões no programa.
Pré-candidato à Presidência
da República em 2010, Serra
tem no Pró-Vicinais seu programa rodoviário de maior alcance em cidades do interior.
O secretário dos Transportes,
Mauro Arce, diz que ocorreu
atraso nos repasses ao DER
(Departamento de Estradas de
Rodagem), que tem orçamento
de R$ 4,3 bilhões previsto para
este ano. Do recurso arrecadado
pelo Estado com a concessão de
rodovias, R$ 700 milhões deixaram de entrar no caixa, afirma
Arce. Parte já está disponível e
outra ainda deve entrar, diz ele.
Outro problema, ainda de
acordo com secretário, ocorreu
com recursos provenientes do
BID e do Bird, órgãos internacionais de financiamento. Só
agora foi repassado aos cofres
do DER um quarto dos R$ 600
milhões que ainda faltavam de
recursos desses órgãos.
"Temos uma suplementação
sendo negociada com as secretarias do Planejamento e da Fazenda. Agora também está entrando uma parte do dinheiro
do BID e do Bird. Estamos baixando a dívida", disse Arce.
Ontem, o Sinicesp (sindicato
da construção pesada) divulgou
comunicado dizendo que o
DER ordenou a paralisação dos
serviços, o que a secretaria nega.
Segundo o presidente do sindicato, Marlus Renato Dall'Stella, o atraso no pagamento é de
três meses e soma cerca de R$
500 milhões, o que Estado também contesta -diz que são dois
meses e R$ 250 milhões.
O problema levou o sindicato, que reúne as principais empreiteiras do país, a marcar
uma reunião de emergência, na
segunda. Em tom de ameaça, o
Sinicesp fala em "medidas administrativas e judiciais" para
suspender os contratos em
atraso com o DER.
Enquanto o comunicado do
Sinicesp cita a possibilidade de
"demissão em massa", o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada
diz que já houve cortes.
Ligado à Força Sindical, de
oposição a Serra, o sindicalista
Wilmar dos Santos afirma que,
nos últimos cinco meses, houve
cerca de 5.000 demissões acima do esperado para o período.
"Tentamos falar com o governo, mas não conseguimos", diz.
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