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VANDA MICHEL DAZZI
(1909-2009)
Os pratos italianos, a despedida com Chopin
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
E lá ia dona Vanda Dazzi,
duas ou três vezes por semana, assistir às aulas de culinária. Com talento para a cozinha, era ela quem às vezes
ensinava os colegas de curso.
Conta a filha Mirna que,
certa vez, acabou ela mesmo
revelando na aula os segredos de uma receita especialíssima sua. Sabichona em
iguarias italianas, fazia como
ninguém um prato que levava, além da massa, espinafre,
queijo e molho de tomate.
Filha de pai russo e de mãe
italiana -que, em razão das
dificuldades com o idioma,
tinham às vezes de se comunicar com gestos para se entenderem-, Vanda nasceu
no Cairo, capital do Egito.
Lá, casou-se em 1933 e teve uma filha. Quando a menina acabou a faculdade de sociologia, a família decidiu se
mudar para o Brasil em busca de melhores condições de
vida. "Todo mundo achava
que o Brasil era o país do futuro", diz Mirna.
Dona Vandinha, apelido
que ganhou por ser baixinha,
adorou o país, menos as chuvas e temporais que caiam
por aqui. Era só o aguaceiro
despencar para ela ligar toda
preocupada para a filha.
Tocava muito bem piano e
deu aulas do instrumento e
de italiano -o português ela
não dominava inteiramente.
Só parou de tocar quando a
artrose foi mais forte.
Viúva desde 1992, ela morreu no sábado, aos cem, de
insuficiência respiratória.
Sua cerimônia de cremação
foi feita ao som de Chopin,
seu predileto. Deixa uma filha, um neto e um bisneto.
coluna.obituario@uol.com.br
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