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WERNER KASCHEL (1922-2010)
Traduziu a Bíblia para facilitá-la
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Na Bíblia de Werner Kaschel, onde aparecia o termo
"verbo", agora se lê "palavra". O substantivo "caridade" foi trocado por "amor".
Descendente de alemães,
Werner nasceu em Campinas
e se tornou pastor da Igreja
Batista. Por mais de duas décadas, trabalhou como tradutor da Sociedade Bíblica
do Brasil, onde integrou a Comissão de Tradução da Bíblia
na Linguagem de Hoje. O primeiro volume saiu em 1988.
O trecho "E a terra era sem
forma e vazia", por exemplo,
virou "A terra era um vazio,
sem nenhum ser vivente, e
estava coberta por um mar
profundo". A última revisão
da NTLH (Nova Tradução na
Linguagem de Hoje) foi em
2000. Werner colaborou com
a sociedade até 2008.
Em entrevista recente, disse: "Ao revisar a tradução bíblica, é preciso levar em conta que a palavra de Deus deve
ser simples e compreendida
por todos. E isso inclui ricos,
pobres, cultos e incultos".
O pastor reconhecia que a
nova versão não era uma
unanimidade. "A impressão
é que muita gente gosta da
Linguagem de Hoje, mas ainda existem reações contrárias a ela, pois algumas pessoas estão acostumadas com
a velha tradução", afirmou.
Doutor em teologia, Werner foi pastor em Americana,
São Paulo e Rio. Nos anos 60,
dirigiu o Colégio Batista Brasileiro. Também comandou a
Faculdade Teológica Batista
de SP, de onde saiu em 1989.
Traduziu hinos religiosos e
escreveu livros. Poliglota, era
especialista em hebraico.
Nos últimos anos, havia
perdido a visão. Morreu na
segunda, aos 88, de complicações de uma pneumonia.
Deixa viúva, filha e neta.
coluna.obituario@uol.com.br
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