São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997.



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Conheça outros casos que aterrorizaram São Paulo e Rio de Janeiro nas décadas de 80 e 90
Maníacos preferem as mulheres

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Os casos envolvendo criminosos maníacos expõem algumas características comuns de suas personalidades e do modo de agir: atacam sempre mulheres em situação de fragilidade, normalmente usam um mesmo tipo de arma, agem em uma mesma região e, algumas vezes, são impulsionados por um fetiche.
Além das tradicionais ruas escuras, os maníacos passaram a invadir novos espaços, como consultórios de dentistas e carros em movimento (como o recente caso da gangue da batida). Mas, em qualquer que seja o local da ação, escolhem o momento em que a mulher apresenta a menor chance de reação.
Também costumam usar um mesmo tipo de "arma": estilete, ácido, revólver de plástico etc.
Geralmente são violentos com as vítimas, mesmo quando elas não esboçam reação, e roubam seus objetos, mesmo quando, aparentemente, o objetivo principal era a violência sexual.
Há casos de fetiche, como o "maníaco do vestido de noiva", e casos excêntricos, como o do norte-americano Michael Wyatt, acusado de atacar mulheres de Arkansas para chupar e acariciar seus pés. A seguir, alguns casos de repercussão no país:

MANÍACOS POR DENTISTAS - No início de 93, a polícia de São Paulo prendeu o primeiro homem acusado de ser um "maníaco por dentistas", o desempregado Célio Carlos Magno, que foi reconhecido por dez dentistas que disseram ter sido estupradas por ele em seus consultórios. O desempregado marcava consulta com suas vítimas, quase sempre no último horário do dia, para que não fosse surpreendido por outro cliente. Ele também roubava as dentistas. Em junho de 94 surgiu mais um "maníaco por dentistas". O homem atacou pelo menos cinco, a maioria na zona leste da cidade. Uma das vítimas morreu. O maníaco sempre atacava quando a mulher estava em seu consultório. Para impedir que a vítima o reconhecesse, o criminoso vedava as vítimas. Depois as violentava sexualmente. O maníaco estava sempre armado de revólver e agia sozinho. Outro fator constante na ação contra as dentistas era o roubo de objetos das vítimas. Levava dinheiro, cheques e o carro das dentistas.
MANÍACO DO ÁCIDO - Os primeiros ataques do "maníaco do ácido" aconteceram na zona leste de São Paulo, em 1989. Naquele ano, a polícia registrou 10 casos, mas os moradores falavam em 50 vítimas. Com os depoimentos das vítimas, foi constatado que vários maníacos agiam na região, jogando um ácido que provocava queimaduras nas per nas. Em 90, um ataque aconteceu em Santo Amaro (zona sul). Em fevereiro de 91, um homem atacou no centro da cidade. Só um suspeito foi preso.
MANÍACOS DO ESTILETE - Em abril de 1990 as paulistanas ficaram aterrorizadas com a ação de um suposto "maníaco do estilete". O criminoso atacaria com um estilete no bairro de Pinheiros (zona sudoeste). Cerca de dez vítimas teriam sido feridas nas proximidades da rua Artur de Azevedo. O principal suspeito era um homem loiro, de 1,80 m, idade entre 25 e 30 anos, bem vestido. Suspeitava-se que o criminoso estava contaminado com o vírus da Aids e procurava uma forma de vingança. Os ataques aconteciam entre 19h e 21h. O agressor abordava as mulheres que andavam na calçada, dava uma punhalada na barriga e fugia correndo. Ninguém foi preso e a polícia colocou em dúvida a veracidade da história.
MANÍACO DA LIBERDADE - Depois dos maníacos do estilete e do ácido, surgiu o "maníaco da Liberdade". O homem atacava mulheres com feições orientais no bairro da Liberdade, na região central de São Paulo. O maníaco encostava uma faca nas costas da vítima, as levava para pensões do bairro e as estuprava. Ele dava preferência a estudantes entre 20 e 25 anos, que frequentavam cursinhos da região.
MANÍACO DA USP - Em junho de 92, a polícia prendeu um funcionário da Cidade Universitária de São Paulo sob acusação de ser o estuprador da USP. Em um ano, pelo menos dez mulheres foram estupradas perto da raia olímpica da Cidade Universitária. O estuprador usava uma arma de plástico.
MANÍACO DO VESTIDO DE NOIVA - Protagonista de uma história que virou seriado de TV, "As Noivas de Copacabana", Heraldo Barroso Madureira foi condenado por estupros no Rio de Janeiro no início dos anos 90. Ele escolhia suas vítimas -em geral, mulheres recém-casadas- por meio de anúncios nos jornais de venda de vestidos de noiva. Ele teria dito que começou a praticar os crimes após sua mulher o trair com um homem que exigia que ela usasse um vestido de noiva.



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