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As crianças vivem com o pai, condenado ontem
Irmã da vítima vai reivindicar agora a guarda dos dois sobrinhos
DA REPORTAGEM LOCAL
A irmã de Marlene, Marli Moraes, 40, única pessoa da família
da vítima a assistir ao julgamento,
afirmou ontem que irá à Justiça
pedir a guarda dos dois filhos que
a irmã teve com o juiz --Hector, 7, e Arthur, 5.
"Jamais vou deixar as crianças
com a Jane [Jane Maria Franco
Cardoso, atual mulher do juiz
Marco Antônio Tavares". As
crianças têm família, elas não vão
ficar com ela [Jane"", disse.
Marli disse que não vê as crianças há quase cinco anos porque
sempre foi alvo de ameaças do
juiz, que teria dito que ela "poderia ter destino pior" do que o de
Marlene. Ela disse que talvez faça
o pedido ainda neste mês. "Agora
só quero saber de comemorar."
A mãe da vítima, Mercedes
Martins Conceição Moraes, 66,
disse, por telefone, que nunca
imaginaria que se sentiria bem
com a condenação de uma pessoa. "Não dá para descrever a sensação, estou até fora do ar."
Ela disse que, com a decisão do
julgamento, se sente forte e preparada para uma segunda batalha, agora pela guarda dos netos.
"Não vou largar meus netos na
mão de qualquer um."
A mãe de Marlene disse que ficou feliz com a decisão, mas esperava que a condenação do ex-marido de sua filha chegasse a pelo
menos 30 anos. "Sofremos não há
cinco, mas há 12 anos. Desde que
eles se conheceram, ele já nos torturava", afirmou ela.
Para a acusação, a decisão de
ontem provou que o Tribunal de
Justiça de São Paulo é um órgão
isento e que ainda é possível acreditar na Justiça.
"Na dramática missão de julgar
um de seus pares, o TJ mostrou
isenção e competência", afirmou
a procuradora de Justiça Valderez
Deusdit Abbud. Mário de Oliveira
Filho, advogado de acusação, disse que a decisão era um atestado
da competência do TJ.
"Estou muito feliz. Podia ter sido mais [tempo de prisão", mas
ele perdeu o cargo, a coisa mais
importante para ele", disse Marli,
que se disse satisfeita com o resultado do julgamento.
"Foi um ato histórico. Pode ser
lugar-comum, mas o Brasil hoje
provou que não é mais o mesmo.
Durante cinco anos, ouvi que deveria calar a boca e que ele continuaria a ser juiz", disse Flávia Maria Soares de Almeida, 39, vizinha
de Marlene. Ela disse que também
chegou a ser ameaçada. A advogada de defesa de Tavares nega
que seu cliente tenha feito ameaças a Marli e a Flávia. Na sessão,
quando um dos desembargadores relatou o episódio em que teria se dado a ameaça, Flávia, na
platéia, fez o sinal da cruz.
Colaborou a Folha Vale
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