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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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Neopentecostal prega a prosperidade

DA REDAÇÃO

Uma característica da atuação de igrejas neopentecostais, mais jovens dentro da tradição religiosa, é a chamada "teologia da prosperidade", que vincula a bênção divina ao sucesso material. Dentro dessa visão, o bem-sucedido é o abençoado por Deus.
Essa forma de agir é enxergada criticamente por setores pentecostais, de tradição mais antiga. O pastor Ricardo Gondim, 49, da Assembléia de Deus Betesda, critica esses setores evangélicos.
"É o desafio do neoliberalismo consumir. Igrejas evangélicas têm sucumbido a isso. Elas não podem ser balcão de serviços religiosos." Na avaliação de Gondim, as Assembléias de Deus têm resistido à tentação da teologia da prosperidade. "É uma igreja fundada em 1911. O lastro histórico mantém a tradição, embora a tentação seja forte para pastores simples de bairro. Isso ocorre também devido à pressão da comunidade."
O filósofo Roberto Romano enxerga o fenômeno dentro de uma perspectiva histórica.
"Essas igrejas colocam em movimento uma tradição antiga, que vem do judaísmo e que depois é enfatizada pelo calvinismo."
Segundo Romano, nessa ação ocorre a captação de conteúdos da sociedade atual. "Eles falam para pessoas concretas, que têm necessidades prementes."
O filósofo Mario Sergio Cortella usa uma comparação com a atuação da Igreja Católica. A ação pragmática das neopentecostais atinge preferencialmente os setores mais pobres da sociedade.
Alcança também a classe média que vê ameaçada a sua sobrevivência. Dessa maneira, a pregação católica é menos eficaz para os que procuram uma solução imediata. Se a espiritualidade das neopentecostais é voltada para o hoje, a da Igreja Católica é para depois de amanhã. (ECD)


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